Na Capital, só 13% dos usuários têm ponto de ônibus por perto, diz IBGE
Apesar disso, Campo Grande aparece na 8ª melhor posição entre as capitais brasileiras
Em Campo Grande, 86,81% dos moradores vivem em áreas sem ponto de ônibus ou van no entorno de seus domicílios, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
RESUMO
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Campo Grande tem 86,81% de moradores sem ponto de ônibus perto de casa, segundo Censo 2022 do IBGE. Dos 879.919 habitantes, 763.861 não têm acesso fácil ao transporte público. Apesar do alto índice, a capital sul-mato-grossense está entre as melhores do país nesse quesito. Nacionalmente, 90,92% da população não possui ponto de ônibus próximo à residência. Porto Alegre lidera com a menor taxa, 74,75%. A desigualdade racial é evidente no acesso ao transporte público em Campo Grande. Dos moradores sem ponto de ônibus próximo, 46% se autodeclaram pardos e 7% pretos. Em outras cidades de Mato Grosso do Sul, a situação é ainda mais crítica: Dourados (96,7%), Três Lagoas (96,6%), Corumbá (91,5%) e Ponta Porã (97,5%) apresentam índices ainda maiores de moradores sem acesso a pontos de ônibus próximos às suas residências.
Dos 879.919 moradores ouvidos na Capital, 115.711 estão próximos de ponto de ônibus ou van; 763.861 não têm esse serviço no entorno e em 347 casos, não houve declaração.
Uma dessas pessoas é Raimundo Gomes, autônomo de 61 anos. "Eu moro no Noroeste. Para pegar ônibus, o ponto mais próximo fica a umas três ou quatro quadras da minha casa. Todo dia eu tenho que andar essa distância para conseguir pegar o ônibus, e é um verdadeiro sacrifício, principalmente quando chove. Se o ônibus demora, a gente tem que ficar em pé, cansa, estressa. Não tem banco para sentar, e o espaço não é dos melhores.
Outro problema, segundo ele, é a insegurança. "À noite, é ainda pior. Eu já deixei de fazer muita coisa por causa disso. Tinha um curso que eu ia fazer das 17h às 22h. Acabei desistindo, porque pra sair de lá às nove horas da noite, eu demoraria horas pra chegar em casa. Teria que andar todo aquele trecho escuro. Aí desisti", comenta.
Apesar disso, Campo Grande aparece com um dos melhores índices entre as capitais, atrás apenas de Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES). No Brasil todo, 90,92% da população declarou não ter ponto de ônibus ou van próximo às residências.
Em Porto Alegre (RS), 74,75% de moradores relatam a ausência, o menor índice do País.
Outras cidades de MS — A maioria dos moradores das cinco maiores cidades de MS não conta com pontos de ônibus ou vans próximos de casa, segundo os dados, analisados pelo Campo Grade News.
Em Dourados, o percentual de falta chega a 96,7%. Em Três Lagoas, 96,6% dos moradores afirmam que não há ponto de ônibus próximo. Já em Corumbá, o índice é de 91,5%. Em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, 97,5% da população enfrenta a mesma dificuldade, o maior percentual entre as cinco cidades analisadas.
E até quem tem ponto por perto, reclama. Nair Pereira, 66 anos, mora na Avenida Ernesto Geisel, uma das mais guarnecidas por pontos, mesmo assim, tem muitas críticas.. "O único ponto com cobertura na Ernesto Geisel é longe daqui; todos os outros são improvisados, só umas pontas de pau com uma placa escrita. Para mim, que sou idosa, essa situação é muito complicada. O jeito é encarar, não tem outra opção".
Desigualdade no transporte coletivo — Em Campo Grande, moradores que se declaram pretos e pardos somados são um pouco mais afetados pela falta de pontos de ônibus próximos de suas casas.
Dados mostram que, dos mais de 763 mil habitantes sem ponto de ônibus no entorno, cerca de 46% se autodeclaram pardos e 7%, pretos.
Entre os que vivem em áreas sem ponto de ônibus, 346.278 são pardos; 54.939 são pretos; 345.388 são brancos; 8.834 são amarelos (pessoas de origem asiática); e 8.408 são indígenas.
Já entre aqueles que contam com pontos de ônibus próximos, o perfil racial é mais equilibrado: 53.366 brancos; 51.637 pardos; 8.443 pretos; 1.291 amarelos e 971 indígenas.