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Cidades

MS lidera ranking de novos casos de tuberculose em presídios

Conforme infectologista, alto índice ocorre, pois Estado recebe testagem em massa ao menos duas vezes por ano

Por Clara Farias | 27/07/2025 13:55
MS lidera ranking de novos casos de tuberculose em presídios
Presos dentro do Instituto Penal de Campo Grande (Foto: Adrian Albuquerque)

Boletim epidemiológico sobre a tuberculose em pessoas privadas de liberdade, divulgado pelo Ministério da Saúde, mostra que foram registrados 7.718 novos casos da doença em 2023. Ainda conforme o levantamento, a maior parte dos casos foi em pessoas pardas (57,3%) e 97,3% do sexo masculino, na faixa etária de 18 a 41 anos (87,6%).

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Mato Grosso do Sul lidera o ranking de novos casos de tuberculose em presídios, com 7.718 registros em 2023, sendo 97,3% do sexo masculino e a maioria na faixa etária de 18 a 41 anos. O estado apresenta uma taxa de 23,6% de novos casos, atribuída à alta taxa de encarceramento e superlotação nas unidades prisionais. O médico infectologista Julio Croda destaca que, enquanto no Brasil cerca de 50% dos casos não são diagnosticados, em Mato Grosso do Sul a triagem em massa permite identificar praticamente todos os casos. Ele enfatiza que o controle da tuberculose deve focar na redução da superlotação, pois o tratamento isolado não é suficiente para conter a disseminação da doença.

O boletim utiliza dados dos anos de 2013 a 2023 para descrever o panorama. Conforme o infográfico disposto no levantamento, o estado de Mato Grosso do Sul apresentou de 739 a 1.730 casos novos de tuberculose por 100 mil pessoas privadas de liberdade. Ao relacionar esses números com a taxa de ocupação das celas físicas, de 2016 a 2023, o estado aparece ao lado do Acre, Amazonas, Amapá, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e Espírito Santo.

No ano de 2023, Mato Grosso do Sul foi o estado que apresentou o maior percentual de pessoas em cárcere e o maior número de novos casos de tuberculose entre os estados. Conforme o levantamento, a proporção de casos novos é de 23,6%.

Para o médico infectologista Julio Croda, o principal fator que explica esses dados é a alta taxa de encarceramento no estado. Por se tratar de uma região fronteiriça, o índice de aprisionamento é elevado. Dados divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, sobre o ano anterior, mostrou que o sistema penitenciário do estado abrigava 21.654 presos. Na época, a capacidade era de apenas 13.156 vagas. Ou seja, um deficit de 8.498 vagas.

Segundo Julio, enquanto no Brasil cerca de 50% dos casos de tuberculose nas prisões não são diagnosticados, em Mato Grosso do Sul provavelmente 100% dos casos são identificados ainda no sistema prisional devido à triagem em massa. Ele explica que o grupo de pesquisa da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) atua nos dois maiores presídios de Campo Grande, o que equivale a 30% da população prisional.

MS lidera ranking de novos casos de tuberculose em presídios
Proporção de pessoas privadas de liberdade entre os casos novos de tuberculose por Estado (Foto: Reprodução/Ministério da Saúde)

Isso é resultado de uma busca ativa, que impacta na redução da transmissão e, principalmente, na prevenção de mortes por tuberculose, devido ao diagnóstico precoce. No entanto, ele ressalta que a principal causa da propagação ainda é a superlotação.

Ao detalhar os casos por cidade, os dados do Ministério da Saúde também mostra a Capital entre os municípios com o maior número de notificações, ao lado do Rio de Janeiro, Santa Isabel do Pará, São Paulo e Recife. Conforme o infectologista, o controle da doença deve ser feito de forma preventiva, com foco na redução da transmissão por meio da diminuição do número de pessoas por cela.

Ele destaca que o tratamento, por si só, não é suficiente para conter a disseminação da doença se as condições de superlotação persistirem. Em Campo Grande, são feitas três triagens em massa por ano, e Julio defende que outros presídios do estado adotem a mesma abordagem.

Ele afirma ainda que, após o diagnóstico e início do tratamento, em 15 dias o paciente deixa de transmitir a doença, mesmo que continue apresentando sintomas. Segundo o médico, a chave para conter a transmissão não está no isolamento dos pacientes após a identificação, pois a contaminação ocorre antes desse momento. Para ele, há um equívoco na ideia de que o isolamento é suficiente para reduzir a transmissão, o que pode gerar estigmatização.

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