"Spray de pimenta nos fez recuar", diz manifestante de MS em Brasília
Cerca de 2,3 mil sul-mato-grossenses participaram de marcha do centro ao Congresso Nacional.
Presentes em ato contra o governo de Michel Temer, as reformas da Previdência e trabalhista e a favor das eleições 'diretas já', manifestantes de Mato Grosso do Sul relatam momentos de tensão durante tumulto na tarde desta quarta-feira (24), em Brasília (DF).
Cerca de 2.300 representantes de 70 entidades de classe e sindicatos de Mato Grosso do Sul participam do protesto, que reúne cerca de 100 mil pessoas, de acordo com os organizadores.
De acordo com Aldo Aguirre Aristimunho, diretor do Sinergia MS (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia no Estado de Mato Grosso do Sul), houve princípio de tumulto entre os manifestantes que iam chegando ao congresso e policiais que faziam a revista pessoal dos participantes.
“Estávamos chegando no Planalto Central quando jogaram spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para conter os manifestantes. Mas quando chegamos ainda sentimos os efeitos da fumaça e recuamos. Arde demais o olho, ficamos desorientados. Foi criada uma barreira policial e estamos a uns 500 metros, impedidos de chegar ao gramado do Congresso”, contou Aldo.
“Mas não foram os trabalhadores, foram os chamados "black bocks”", diz o sindicalista.
A Polícia Militar tenta afastar os manifestantes da área próxima ao gramado do Congresso Nacional, na Alameda das Bandeiras. Logo após chegarem ao local e tentarem furar a barreira, alguns participantes tentaram invadir a área isolada, o que levou a PM a atirar bombas de efeito moral, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
Com a confusão, algumas pessoas passaram a jogar hastes de bandeiras em direção aos policiais.
“Até onde participamos não percebemos nenhuma confusão. Mas sabemos que aconteceu atrito entre os primeiros manifestantes que foram chegando à Esplanada dos Ministérios e algumas pessoas sentiram o efeito das bombas de efeito moral”, disse Roberto Botareli, presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul).
Às 17h30, pelo horário de MS, estava agendado um ato público em frente à Praça dos 3 Poderes. Mas a orientação das centrais sindicais é de que manifestantes retornem aos ônibus e comecem a organizar as viagens para retorno ao estado de origem.
Também um grupo de manifestantes depredou pelo menos cinco ministérios, entre eles o da Agricultura, onde foi ateado fogo. Houve depredação em pontos de ônibus, placas de trânsito e telefones públicos.
Chamada “Ocupa Brasília”, a marcha teve concentração às 10h em frente ao Estádio Mané Garrincha e, a partir das 12h, seguiu em direção ao Congresso Nacional, num percursso de aproximadamente 2,5 quilômetros.
Participam do ato entidades como Frente Brasil Popular, CUT (Central Única de Trabalhadores), MST (Movimento dos Sem Terra), CPT (Comissão Pastoral da Terra), classe estudantil, artística e professores.
A estimativa da UGT (União geral dos Trabalhadores) e da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), algumas das entidades que organizam o ato, cerca de 100 mil pessoas devem participar do protesto.
Participam manifestantes de todo o Brasíl, que começaram a chegar em Brasília nesta terça-feira (23), em 3,5 mil ônibus.
O esquema de segurança reúne 1,5 mil profissionais, sendo 1,4 mil agentes da Polícia Militar e 100 policiais civis, com apoio do Corpo de Bombeiros.