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Capital

“Matou pra ficar com que era dele”, diz irmão de major morto por PM

Filha do casal teria tentado suicídio após a morte do pai, segundo a família

Luana Rodrigues | 30/09/2016 09:03
Itamara responde pelo assassinato do marido em liberdade, desde o dia 19 de julho. (Foto: Divulgação/ PM)
Itamara responde pelo assassinato do marido em liberdade, desde o dia 19 de julho. (Foto: Divulgação/ PM)

Revolta é a palavra que resume o sentimento da família de Valdeni Lopes Nogueira, 45 anos. A perda do major, assassinado no dia 12 de julho, voltou a doer para o irmão dele, Valdeci Alves Nogueira, neste mês.

A indignação veio com a notícia de que a assassina confessa do major, a tenente-coronel Itamara Romeiro Nogueira, 40 anos, irá receber uma pensão de R$ 9,5 mil por mês pela morte e ainda voltou ao trabalho que já exercia antes do crime.

“Isso só confirma na verdade que nós estamos dizendo desde sempre, ela matou pra ficar com tudo que ele tinha. Ela queria chegar a isso e a lei ajudou”, diz Valdeci.

Para o irmão do major, Itamara foi imoral e contraditória a sua tese de arrependimento e legítima defesa. “Se ela realmente tivesse se arrependido ela jamais aceitaria receber esse dinheiro. Iria colocar em uma conta para a filha ou se recusaria a receber. Para nos isso é uam afronta”, considera.

Ainda conforme Valdeci, a família teme que Itamara receba também o seguro de morte de Valdeni, no valor de R$ 110 mil que, por enquanto, está retido pela Justiça.

“A lei existe, infelizmente existe, mas nós achamos uma imoralidade. Nós estamos aguardando o encerramento do inquérito, que ainda está em aberto, para que depois tomemos todas as atitudes, mas é claro que nós vamos questionar juridicamente contra esse beneficio, contra essa liberdade, contra tudo que pudermos. É uma questão de justiça”, diz.

A família do major também se preocupa com a filha do casal, que tem apenas 13 anos de idade. Segundo Valdeni, a mãe e a avó materna impedem a família do pai de manter contato com a menina. “Estamos muito preocupados, pois soubemos que ela tentou suicídio, então temos a preocupação, mas nós não conseguimos o consentimento deles para conseguir contato com ela”, lamenta.

A filha do casal também irá receber uma pensão no valor de R$ 9,5 mil, que, por enquanto, será administrada pela mãe.

Liberdade e indenização – Itamara está solta desde o dia 19 de julho, quando juiz Alexandre Tsuyoshi Ito, deferiu o pedido da revogação da prisão preventiva da tenente-coronel.

Embora, a Justiça tenha concedido que Itamara responda em liberdade, recomendou que ela não pode se ausentar da cidade e terá que comparecer em juízo trimestralmente para responder sobre o processo.

No dia 19 deste mês, a Justiça decidiu que Itamara vai receber R$ 9,5 mil de pensão por mês, por conta da morte do marido.

A pensão por morte é prevista no Regime Próprio de Previdência Social do Estado de Mato Grosso do Sul (MSPrev). O benefício é concedido quando ocorre falecimento do segurado, sendo pago a seus dependentes, no caso à esposa e filhos.

Pela legislação, a pensão por morte consiste numa importância mensal, com base nos salários, conferida ao conjunto dos dependentes do segurado, quando do seu falecimento. O benefício é rateado entre os dependentes em partes iguais.

Nesse caso, a policial ficará com metade do valor do salário de major da PM, que segundo tabela da ACS (Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul), gira em torno de R$ 19 mil.

Na semana passada, a policial que ocupa a função de ajudante de ordem no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), mas estava afastada desde a morte do major, voltou ao trabalho.

Crime - Itamara matou o marido com dois tiros, depois de uma discussão, na casa em que moravam no bairro Santo Antônio. Valdeni chegou a ser socorrido, mas morreu na Santa Casa. A policial afirmou a Justiça que foi vítima de violência doméstica, que já ocorria há tempos, e desta vez, foi agredida com socos e tapas, foi ameaçada de morte pelo marido e agiu em legítima defesa.

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