"A gente não esquece": morte deixa dor e saudades no caminho de quem fica
No Dia de Finados, homenagens aos que morreram traz de volta lembranças contadas pelos amigos e parentes
O Dia de Finados é a data para se reencontrar com as dores e saudades que a morte deixou pelo caminho. No cemitério Parque Nacional, nas Moreninhas, a aposentada Eliete Monteiro, 70 anos, foi visitar o túmulo da mãe, que morreu em 2002, e relembra todos que perdeu nos últimos anos.
RESUMO
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O Dia de Finados é um momento de reflexão e saudade, onde familiares visitam os túmulos de entes queridos. Eliete Monteiro, de 70 anos, relembra a dor da perda de sua mãe e outros familiares, enquanto Daise Grazieli Sanches, de 38 anos, compartilha sua experiência de luto pela mãe e sobrinhos. A visita ao cemitério é uma prática frequente para ela, que encontrou conforto após o nascimento de sua filha. A história de Aulina Alves, de 69 anos, destaca a luta de sua mãe, que criou sete filhos sozinha, e a saudade que persiste. A narrativa é marcada por memórias de amor e dor, refletindo a complexidade do luto e a busca por consolo ao longo do tempo.
“Já vi pai, irmã, cunhada e amigos morrerem, toda vez me sinto menor que um grão de mostarda, é uma dor que não passa, não tem medicamento, não tem nada, só o tempo para aliviar”, descreveu.
Elite está com a mesma idade da mãe, quando ela partiu. “Minha mãe era exemplar, uma mãe que todo filho desejava ter, uma avó muito querida, é muito dolorido”.
À tarde, ela ainda vai ao sepultamento de amiga, professora de 82 anos, que morreu após ter batido a cabeça ao cair em casa. “É uma perda que a gente jamais esquece”, lamentou.
A dona de casa Daise Grazieli Sanches, 38 anos, mora no Dom Antônio Barbosa e foi com as duas filhas ao cemitério para homenagear a mãe, que morreu há nove anos, após complicações de cirurgia. Também irá visitar os túmulos de dois sobrinhos, que morreram aos 18 e 3 anos. A visita não se restringe ao Dia de Finados e ela diz que sempre vem em datas comemorativas, como os aniversários.
Daise relembrou a dor da perda. “Minha mãe era uma pessoa excelente, maravilhosa, parceira, só saiu de perto de mim porque Deus levou” disse. O rapaz de 18 anos tinha deficiência e problemas de saúde e, segundo a dona de casa, a família estava preparada para que algo acontecesse. Já a criança de 3 anos foi contaminada por bactéria que atingiu o coração. Precisava de transplante, que não chegou a tempo. “Foi choque para toda a família, era criança alegre, que corria e brincava”.
Daise diz que entrou em depressão depois da morte da mãe, mas se recuperou, em grande parte, após o nascimento da filha. Segundo ela, recebeu mensagem divina de que seria mãe de criança hiperativa.
“Com a correria para cuidar de criança, acaba que a gente não se lembra tanto e acaba sofrendo menos pela saudade. Antigamente, doía mais, mas com passar do tempo, foi me confortando”, contou.
Aulina Alves, 69 anos, contou a história de muita luta e sofrimento da mãe, que morreu de infarto, aos 91 anos, durante o período da pandemia. “Acho que era uma daquelas pessoas que vieram só para passar dificuldades” diz.
Aulina contou que o pai viajava muito a trabalho e a mãe teve que criar os sete filhos praticamente sozinha. “Para não passarmos fome, ela acabava distribuindo os filhos nas casas dos ricos, porque, naquela época, criança podia trabalhar”, contou. “Do jeito dela, cuidou dos filhos sozinha e partiu depois de ver que os filhos conseguiram comprar seus imóveis e até ser dono de comércio”.
Ao lado do filho, Maria Eunice, 67 anos, foi visitar o túmulo do marido, que morreu há 13 anos, aos 82. Quando se casaram, ela tinha 19 e, ele, 47. “A gente tinha diferença de idade grande, mas sempre nos demos muito bem, tínhamos desentendimento de casal, mas só. Foram 30 anos”, contou. Para expressar a saudade, ela também usou o mural instalado pela administração do cemitério para deixar mensagem. Assim como Eliete, a outra visitante, afirmou, “a gente não esquece”.
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