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Capital

Acidente deixou Arthur vegetando e há 7 anos ele busca indenização como justiça

Desde 2017, o músico Arthur Fernandes Aguilera vive em uma cama sob os cuidados da irmã e da mãe

Por Ana Beatriz Rodrigues | 13/11/2024 14:35
Dona Lienal ao lado do filho no quarto que adaptou para mantê-lo em casa. (Foto: Marcos Maluf)
Dona Lienal ao lado do filho no quarto que adaptou para mantê-lo em casa. (Foto: Marcos Maluf)

“Isso é um grito de socorro, porque não sabemos mais o que fazer, não temos mais de onde tirar”, desabafa, com os olhos cheios de lágrimas, a mãe de Arthur Fernandes Aguilera, depois de 7 anos do filho em uma cama.

Em fevereiro de 2017, quando voltava para casa, o músico foi atingido por um caminhão da empresa de coleta de lixo ao trafegar de moto pela Avenida Mato Grosso. Desde então, a vida de Lienal Fernandes, de 69 anos, e de sua filha, Aline Fernandes Aguilera, de 45 anos, segue de cabeça para baixo.

“Nós duas vivemos em função dele. Não trabalhamos, não saímos, não temos convívio com ninguém, porque ele depende 100% de nós duas”, conta Aline. Desempregada há mais de um ano, a irmã do rapaz afirma que a situação que vivem hoje é humilhante, pois dependem da ajuda de outras pessoas e de vaquinhas online.

Na manhã desta quarta-feira (12), Aline relatou ao Campo Grande News que ela e a mãe lutam na Justiça há 7 anos por indenização da Solurb, empresa responsável pelo caminhão que atingiu o músico.

“Eles solicitaram uma perícia para comprovar a situação que meu irmão vive, como se os mais de mil laudos que apresentei não fossem suficientes. Mas toda vez eles (os advogados da empresa) desmarcam; da última vez, o perito não apareceu, porque estava com a agenda cheia, e eles não aceitam que seja por videochamada”, contou.

Na manhã desta quarta-feira (12), Aline relatou ao Campo Grande News que ela e a mãe lutam na Justiça há 7 anos. (Foto: Marcos Maluf)
Na manhã desta quarta-feira (12), Aline relatou ao Campo Grande News que ela e a mãe lutam na Justiça há 7 anos. (Foto: Marcos Maluf)

Devido ao estado vegetativo de Arthur, ele depende de cuidados que a família, muitas vezes, não consegue custear, como atendimento diário com fonoaudiólogo e fisioterapeuta. Além disso, é necessário garantir o básico para ele, como uma alimentação específica devido à sonda, fraldas e medicamentos que, em muitas ocasiões, não estão disponíveis na rede pública.

A parte do cérebro que controla o pensamento e o comportamento não funciona, mas o hipotálamo e o tronco cerebral continuam controlando as funções vitais, o sono, a respiração, a frequência cardíaca e consciência. Assim, as pessoas abrem os olhos e parecem acordadas

Com a ajuda da Defensoria Pública, a família conseguiu a aposentadoria por invalidez para Arthur, mas o valor, que é inferior a um salário mínimo, não cobre todas as despesas.

Bastante abalada pela situação, Aline relata que acumula mais de R$ 100 mil em dívidas, já vendeu o carro e tudo o que podia para tentar melhorar as condições de vida do irmão. Hoje, ela tenta complementar a renda vendendo doces.

Para Aline e Lienal, a indenização seria a forma mais justa de a empresa pagar pelo o que aconteceu com Arthur.

“Não queremos ficar milionárias com esse dinheiro, mas, pelo menos, devolver o mínimo de dignidade para o meu irmão viver pelo tempo que ainda tem. Minha mãe não aguenta mais, ela é idosa; precisamos de um enfermeiro aqui 24 horas, e eu preciso voltar a trabalhar. Isso só aconteceria se a indenização viesse logo”, desabafou Aline.

A reportagem entrou em contato com a Solurb para questionar e ouvir o posicionamento da empresa sobre o caso, mas, até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.

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