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Capital

Agentes foram envenenados com raticida em café, diz sindicato

Ricardo Campos Jr. | 20/04/2016 13:30
Agentes foram envenenados dentro da máxima (Foto: Fernando Antunes)
Agentes foram envenenados dentro da máxima (Foto: Fernando Antunes)

O Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul) afirmou ao Campo Grande News que os cinco agentes que passaram mal nesta quarta-feira (20) na máxima foram envenenados com o raticida conhecido como chumbinho. Conforme a entidade, a ingestão do produto foi confirmada por exames feitos no hospital El Kadri, onde alguns dos servidores estão internados.

Durante a tarde, o sindicato irá realizar um manifesto em frente ao hospital a partir das 15h por conta da situação.

Sandro Benites, médico do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), que está acompanhando o caso, diz que ainda não foi comunicado pela unidade sobre qual substância provocou a intoxicação, mas já suspeitava que pudesse ser chumbinho.

“Trata-se de um raticida organofosforado, com agentes herbicidas, que têm manifestações clínicas idênticas as que os agentes penitenciários tiveram. Nós já fizemos um antídoto para eles com atropina. É uma intoxicação potencialmente fatal”, afirma Benites.

Para o especialista, o produto é um pó facilmente solúvel e que pela cor escura facilmente se mistura ao café, bebida que continua o veneno e foi ingerida pelas vítimas.

O caso aconteceu durante o café da manhã. Quatro servidores foram para o El Kadri e o outro, cujo estado de saúde inspira mais cuidados, está na Santa Casa. Por medidas de segurança, até o fornecimento de água a agentes foi proibido.

De acordo com o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado de Mato Grosso do Sul), André Luiz Garcia Santiago, a garrafa de café foi levada à passarela que dá aceso ao pavilhão, onde ocorreu a intervenção na semana passada. “Os agentes tomaram o café e em seguida passaram mal”, diz o sindicalista.

Segundo Santiago, os servidores tiveram vômito, diarreia, pressão alta, tontura e até desmaio. A ordem é que o agentes penitenciários não se alimentem da comida confeccionada pelos internos. “A orientação é de que eles não consumam nem a água da unidade”, informa.

O café e vários produtos da cozinha estão sendo periciados. Os presos responsáveis pelo café da manhã de hoje prestam depoimento ao delegado da 3ª Delegacia de Polícia Civil, Fabiano Nagata, que está na unidade. A suspeita é de que os presos tenham usado medicamentos controlados para intoxicar os agentes. Na garrafa de café foi encontrado um pó branco.

O presidente afirma ainda que desde ontem, agentes estão recebendo bilhetes com ameaças. O clima na penitenciaria está tenso. “São aproximadamente 2.300 internos para cerca de 7 a 8 agentes de plantão”, lamenta. O envenenamento ocorreu seis dias depois dos ataques a ônibus.

Na última quinta-feira (14), os atentados a ônibus começaram após tumulto ocorrido durante treinamentos dos agentes penitenciários recém-formados no curso de intervenção rápida na unidade. Houve reação dos presos e um deles, Bruno de Melo Garcia, 19 anos, teria ordenado que fossem feitos os ataques. No total, dez pessoas acusadas de envolvimentos estão detidas. Em cinco dias, três ônibus foram queimados e um apedrejado.

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