Antes de morrer, garoto foi liberado de CRS 2 vezes com forte dor, diz padastro
Menino tinha síndrome, mas apenas recebeu medicação ao procurar unidade de saúde
Ainda sem compreender a perda repentina, a família de Kauan, adolescente de 14 anos, que morreu em casa no início da noite dessa quinta-feira (30), em Campo Grande, após sentir fortes dores no peito, alega que se o atendimento tivesse sido diferente, o menino ainda poderia estar vivo.
RESUMO
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A família de Kauan, adolescente de 14 anos, que morreu em casa após sentir fortes dores no peito, alega que o atendimento médico inadequado pode ter contribuído para sua morte. Diagnosticado com Síndrome de Marfan, Kauan procurou o CRS Coophavila duas vezes, foi medicado e liberado, mas continuou com dores. A Secretaria Municipal de Saúde abriu sindicância para apurar o caso. Outro adolescente, de 13 anos, também morreu após atendimento médico inadequado em Campo Grande. Ambos os casos estão sob investigação.
O garoto procurou O CRS Coophavila por duas vezes, quando foi medicado e liberado. O caso chama atenção pela coincidência de ser a segunda morte de um adolescente no mesmo dia, após liberação dos médicos em unidade de saúde de Campo Grande.
Ao Campo Grande News, o padrasto do menino, Fernando Tavares Dias, contou que o enteado foi diagnosticado com Síndrome de Marfan há três anos, que afeta o coração e exige cuidado com a pressão arterial.
A família tentou iniciar tratamento no Hospital Universitário, mas pela demora em conseguir marcar consultas e falhas nos contatos, acabou perdendo vaga e a família tentava incluí-lo novamente no programa.
Porém, na madrugada dessa quinta-feira (30), por volta de 00h30, começou sentir muita dor, quando procurou a unidade de saúde e passou pela triagem. Após ser atendido pelo médico de plantão, recebeu medicação e teve alta.
“Quando deu 5h da manhã, ele acordou com muita dor de novo, se contorcia na cama, dizia que sentia muita dor no peito, nas costas e voltou para o posto de saúde. Ficou lá até 13h30, quando foi liberado de novo”, disse Fernando.
Após a segunda alta, foi para casa da avó, onde tomou banho e deitou em uma rede. Mas como continuava sentindo muita dor, o padrasto fez massagem no peito e pediu que ele deitasse no quarto.
Próximo das 17h, Fernando entrou no cômodo, conversou com Kauan, informando que iria para o trabalho. A mãe também estava no serviço e o adolescente ficou aos cuidados da avó. Cerca de 30 minutos depois de chegar ao serviço, o familiar recebeu ligação da mãe e foi informado que o enteado não estava respirando.
“Eu acredito que ele estava dormindo na hora que faleceu. O bombeiro foi chamado, tentou reanimar, mas não teve jeito”, lamentou o padrasto da vítima.
Ao ser questionado quanto ao atendimento, Fernando afirmou que tudo poderia ter ocorrido de forma diferente.
“Se pelo menos encaminhassem para um hospital, porque a gente sabe que no posto, se a pessoa com está com dor tem que encaminhar, porque ali não tem como você fazer raio-x, se mandasse para um hospital teria como”, disse.
Abertura de sindicância – Mais cedo, a Secretária Municipal de Saúde, Rosana Leite, informou que uma sindicância seria aberta para apurar as circunstâncias do caso. "São graves e vamos apurar se todos os procedimentos foram tomados. Será aberta sindicância e, caso necessário, processo administrativo", disse.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foi novamente questionada pela reportagem sobre o caso, mas não retornou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
A doença – A síndrome de Marfan, doença diagnosticada em Kauan há alguns anos, é hereditária e afeta o tecido conjuntivo como coração, olhos, vasos sanguíneos e ossos. Pessoas que possuem essa condição geralmente são magras e possuem alguns membros mais alongados.
O tratamento inclui medicamentos para manter a pressão arterial baixa, óculos ou lentes de contato, além de cirurgia.
Outro caso – Também nessa quinta-feira (30), outro adolescente, de 13 anos, morreu em Campo Grande após procurar atendimento médico, mas desta vez na UPA (Unidade Pronto Atendimento) Leblon.
Segundo a polícia, ele começou a sentir dores fortes nos testículos e procurou a unidade de saúde, onde recebeu medicação e foi liberado. Contudo, durante a tarde, voltou a passar mal e a dor irradiou-se para o peito.
O rapaz procurou novamente a UPA Leblon, mas já em estado mais crítico, sendo encaminhado para o Hospital Regional, onde teve parada cardíaca e morreu. O caso também foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol e será investigado pela Polícia Civil.
Os corpos dos adolescentes foram encaminhados ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), onde passarão por necropsia para atestar as causas das mortes.
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