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Capital

Apesar de abaixo-assinado, prefeitura não tem planos de desocupar “Carandiru”

Vizinhança reivindica mudança dos moradores do residencial após local ser alvo de operação

Por Antonio Bispo e Idaicy Solano | 19/12/2023 16:17
Condomínio é ocupado por dezenas de famílias em três blocos (Foto: Henrique Kawaminami)
Condomínio é ocupado por dezenas de famílias em três blocos (Foto: Henrique Kawaminami)

A pressão formada por moradores do bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, sobre a retirada de famílias que vivem no Residencial Atenas, conhecido como “Carandiru”, para outra área destinada pela prefeitura da Capital, não surtiu efeito, pois, por enquanto, não há previsão para o início dos trabalhos, que ainda deve levar um bom tempo para sair do papel.

O Campo Grande News procurou a Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) em busca de informações que pudessem dar uma luz ao caso, mas recebeu como resposta que a possibilidade da transferência precisa passar por estudo de caso.

“A Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários informa que este caso trata-se de ocupação de imóvel particular, cuja reintegração de posse foi judicializada, não sendo parte nos autos. Contudo, a Agência realizará uma análise por meio de um estudo de caso para avaliar a possibilidade de atendimento por meio de programa de habitação de interesse social emergencial”, finalizou a nota.

Já a Defensoria Pública do Estado informou que se reuniu com representantes da prefeitura no mês de novembro, também para discutir a possibilidade de transferências da família para outra área. “Agora em novembro, a defensoria foi até a prefeitura saber o que seria feito em relação aos moradores, mas a resposta foi que a princípio o foco seria fixado no Mandela”, afirmou a assessoria de imprensa do órgão.

Dessa forma, a ocupação do “Carandiru” que começou há 18 anos segue sem data para acabar, apesar dos impasses vividos entre as famílias do complexo com quem vive em volta.

Entenda o caso – O documento assinado por 500 pessoas até o momento deve ser encaminhado à Prefeitura de Campo Grande e ao Ministério Público em janeiro de 2024. “É importante deixar claro que a atual construção não apresenta mais condições adequadas para moradia. Que desmanche e faça um condomínio novo ou dê outro lugar com segurança para aquelas famílias”, destacou Elias Camilo, representante do grupo Guardiões da Região do Prosa, que organiza o movimento.

Entretanto, quando a reportagem visitou o local e conversou com um dos moradores que preferiu não se identificar, foi informada que as famílias que ali vivem não foram informadas sobre a mobilização e não acreditam na boa intenção dos vizinhos.

“A gente acha que é mentira, eles querem tirar a gente daqui”. O morador também informou que um advogado orientou a não falar com a imprensa.

História - No dia 3 de outubro de 2005, cerca de 40 famílias, que somam mais de 200 pessoas, ocuparam o local. “Não tinha privada, não tinha fiação elétrica, o último bloco não tinha o 3º andar, a obra estava com 60% concluída, é muito pouco. O estado precário é real, o prédio não tinha condições de habitabilidade, é um risco”, afirmou a advogada Hilda Priscila Correia Araújo, representante legal da Construtora Degrau Ltda, ao Campo Grande News.

No dia 6 de junho deste ano, a Operação “Abre-te Sésamo” da Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em 46 apartamentos nos 3 blocos inacabados. Naquela manhã, mais de 200 policiais, totalizando 321 agentes da polícia, perícia, assistência social e bombeiros, surpreenderam os moradores.

Condomínio foi alvo de Operação da Polícia Civil em junho deste ano (Foto: Paulo Francis)
Condomínio foi alvo de Operação da Polícia Civil em junho deste ano (Foto: Paulo Francis)

Durante a operação, pelo menos 10 pessoas foram presas na ação policial. Além de buscar alvos ligados a furtos e roubos na localidade, também foram enviadas equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Energisa e assistência social do Município para averiguar as condições dos imóveis e das famílias que ali residem. Naquele dia, as ruas ao entorno do condomínio foram fechadas.

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