Após invasão, servidores reclamam da falta de segurança no semiaberto
Com cinco agentes por plantão para 1.040 internos, servidores do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, uma das unidades do regime semiaberto da Capital, reclamam da falta de segurança na penitenciária.
Há mais de um ano o posto da Polícia Militar que funciona no mesmo prédio não tem expediente no período da noite e na madrugada. Rodeado por mata, o presídio fica em uma estrada de terra, na Zona Rural, cerca de 16 quilômetros do Centro de Campo Grande.
Na quarta-feira (7), por exemplo, Éder Hector Moreira de Moura, 23 anos, usando ferramenta conhecida como pé de cabra, invadiu o prédio e tentou resgatar um dos presos da cela disciplinar, que não tem o benefício de sair. A ação foi frustada pelos servidores de plantão. Ocorrência como essa tem se repetido e somente neste ano, mais de sete homens foram flagrados na mesma situação.
Dois dias depois, na madrugada de sexta-feira (9), principio de motim, com tentativa de fuga de cerca de 40 presos, durou uma hora. Os rebelados quebraram os cadeados de três celas, subiram no telhado, enquanto os outros batiam nas grades.
Mesmo vigiada por quatro câmeras de segurança, duas na entrada e outras duas na guarita, o entorno do presídio tem sido palco até de homicídios.
Em abril deste ano, o mototaxista Isaías Coelho de Almeida, 45 anos, foi baleado com um tiro na cabeça, quando chegava com um interno. O passageiro dele, Wellington Delgado dos Santos, 20 anos, foi atingido com quatro tiros e morreu na hora. Isaías ainda foi socorrido, mas morreu no hospital.
Segundo o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado de Mato Grosso do Sul), André Luiz Garcia Santiago, o risco eminente de morte dos servidores aumenta a cada dia. “Diariamente nossos servidores se encontram em situação de perigo. Alguma atitude precisa ser tomada imediatamente”, lamenta. Dois policiais fazem plantão no posto das 7h às 19 horas.
"Qualquer dia a gente pode ser recebido à bala", reclama um agente penitenciário, que pediu para não ter o nome divulgado. “Até quando iremos colocar nossas vidas em risco, ter que enfrentar bandidos sem nenhuma segurança. Será que teremos que chorar no velório de mais um companheiro para que medidas sejam tomadas”, lamenta outro servidor.
Como funciona - Parte dos presos trabalha dentro da unidade. No prédio, funcionam sete empresas, no ramo de pisos, confecção de cadeiras, horta e embalagens. Outra parte, sai para trabalhar de manhã em empresas, que tem convênio com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Eles retornam em um horário estipulado pelo presídio, de acordo com o trajeto de cada interno.
O transporte dos presos é feito por um ônibus do transporte público e por veículos das empresas parceiras. Mais dois presídios masculinos estão sendo construídos no complexo da Gameleira. Cada penitenciária terá a capacidade de receber 603 presos.
O secretário da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), José Carlos Barbosa, explica que são necessários 12 policiais para ter um posto 24 horas. No momento, segundo ele, o Governo do Estado está investindo mais em policiamento ostensivo.
“É melhor o policial circulando na rua do que parado em um lugar especifico. Seria o ideal ter efetivo para colocar em todas as bases, mas no momento estamos tendo que optar. Posto 24 horas no local é uma possibilidade para o futuro”, diz.