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Capital

“Bateu o olho e entrou em desespero”, diz mãe após filha reconhecer estuprador

Liniker Ribeiro | 18/02/2021 18:18
Vítima, acompanhada da mãe e do advogado, chegando em delegacia (Foto: Kísie Ainoã)
Vítima, acompanhada da mãe e do advogado, chegando em delegacia (Foto: Kísie Ainoã)

“Eu não tenho dúvidas e muito menos a minha filha”. A fala, ainda assustada, é da mãe da mulher, de 36 anos, vítima de estupro por parte de técnico em enfermagem do Hospital Regional, em Campo Grande, que na tarde desta quinta-feira (18) esteve de frente com o suspeito em sala da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Assim como ele, outros funcionários que estavam a trabalho na data citada pela vítima estiveram na delegacia para participar de investigações da Polícia Civil, com objetivo da vítima reconhecer o suspeito.

“Não houve confronto, ela ficou em um vidro onde ela tinha visão dele, ele não tinha dela. Quando ela entrou na sala, bateu o olho e já foi apontando. Entrou em desespero e foi falando 'que é ele'”, relata a mãe da vítima.

Ainda segundo ela, o nervosismo apresentado pelo homem reforça a fala da filha. “Foi pedido para ele usar o bordão “ai meu doce, ai meu doce”, que ele usava, mas ele não conseguia falar. Os outros mantiveram reação calma e tranquila”, comenta ao destacar o comportamento de outros homens chamados, na ocasião.

A mãe destaca ainda que o rapaz apresentou contradições em sua fala à polícia. “É impossível ter duvidas, uma vez que quando você está em um lugar, em uma sala, de luz acesa, e você se debatendo, consegue puxar a máscara e ver o rosto dele”, ressalta sobre a filha ter conseguido ver o suspeito, enquanto era abusada. “É como ela dizia, ‘ele poderia estar no campo de futebol, eu o reconheceria’, afirma. Apesar de ter sido reconhecido, a mãe fala também que o homem negou o estupro.

A mãe da vítima também disse ter se reunido com a secretária Nacional de Proteção Global, do Ministério da Mulher, Mariana Neris, que se comprometeu em acompanhar a apuração do caso, mesmo a distância. Mariana visitou a Capital, nesta quinta-feira (18) representando a ministra Damares Alves.

O caso - A denúncia de violência sexual foi divulgada no último dia 4 pela mãe da paciente. A vítima, uma mulher de 36 anos, estava internada no HR, em Campo Grande, desde o dia primeiro de fevereiro. A paciente tinha covid-19 e respirava com ajuda de máscara de oxigênio. O ataque foi na madrugada do dia 4, uma quinta-feira.

Depois de ter passado mal durante a noite, tendo vômito e falta de ar, a paciente notou quando o profissional de enfermagem começou ir ao quarto dela durante a madrugada e começou a passar a mão em seu corpo. Em determinado momento, o suspeito retornou ao leito com “óleo de girassol”, passou nos dedos e começou a abusar da vítima.

Mesmo debilitada, a paciente diz ter tentado resistir ao abuso como pôde, pedindo para o homem parar e sair de cima dela, mas ele insistia em passar a mão na virilha da paciente enquanto pedia para ela “abrir as pernas”. O homem repetia que queria masturbar a paciente e que não era para ela resistir, se não poderia "dar problema para ele".

O crime é investigado pela Deam, que já ouviu quatro profissionais e pediu perícia nas roupas que a paciente usava na noite do estupro.  A paciente, que é bacharel em Direito e trabalha como vendedora,  foi encaminhada para exames no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

 O Hospital Regional entregou a escala de plantão, mas não se manifestou sobre a denúncia. “Reiteramos que todos os casos de supostas infrações nos diversos campos, administrativo e assistencial, o HRMS pauta-se nos ditames éticos e legais vigentes para tomada de providências", diz a nota do hospital.

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