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Capital

Caso Scooby reacende polêmica sobre tratamento de leishmaniose

Nicholas Vasconcelos | 14/07/2012 10:50

Entidades e Conselho de Medicina Veterinária são favoráveis, enquanto Ministério da Saúde não autoriza e determina eutanásia

Scooby aguarda no CCZ o resultado de exame de leishamniose. (Foto: Minamar Junior)
Scooby aguarda no CCZ o resultado de exame de leishamniose. (Foto: Minamar Junior)

O caso do cachorro Scooby, que causou comoção após ser arrastado por 4 quilômetros e apresentar sintomas de leishmaniose, reacendeu a polêmica a respeito da eutanásia dos cães que apresentam resultado positivo para a doença. O protocolo do Ministério da Saúde não autoriza o tratamento e determina o sacrifício do animal, enquanto veterinários e entidades defendem que ele seja realizado.

Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande apontam que em 2011 foram colhidas 105 mil amostras, dessas 16.800 apresentaram contaminação. No mesmo período, os casos de leishmaniose visceral humana chegaram a 202, com três mortes.

A ONG (Organização Não Governamental) Abrigo dos Bichos defende que Scooby seja adotado e submetido ao tratamento contra o protozoário.

O CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul), reconhece o tratamento e a eficácia dele para o animal. “O dono e o médico veterinário têm de ter a opção de oferecer o tratamento ao animal. Se o animal tem um dono e ele assume a responsabilidade, ele deve ser tratado”, afirma a presidente do órgão, Sibele Cação.

Sibele frisa que o Conselho é a favor da eutanásia para os cães de rua e que o dono que oferecer o tratamento tem de ter a responsabilidade sobre o animal. “O dono não pode procurar informações com vizinhos, amigos, é preciso procurar um profissional que vai indicar qual o tratamento mais adequado. Caso contrário ele também vai praticar maus tratos”, destacou. A médica veterinária lembra que a leishmaniose se comporta de maneira diferente e que o tratamento varia conforme o peso, idade e doenças pré-existentes.

O Conselho questiona a política adotada até o momento em Campo Grande para o tratamento, que segue a orientação do Governo Federal, e defende o combate ao mosquito flebótomo, transmissor do protozoário causador da doença. “A culpa não é do cão, mas do mosquito. Ele é que precisa ser combatido e não o cão.”,explica a presidente. A médica veterinária ainda reforça que a transmissão não se dá do animal infectado para o homem diretamente, somente através do mosquito.

O mosquito flebótomo é o transmissor da doença e se reproduz em material orgânico em decomposição, como restos de folhas e alimentos. Na opinião dos veterinários, deveria ser combatido com o trabalho de agentes de saúde e não pelo sacrifício do cão, que serve de reservatório da leishmaniose.

A posição do CRMV também é de que o cão seja a submetido ao exame de pulsão medular, além do de sangue como é aplicado atualmente pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses)."O animal pode ser soro reagente, ter o anticorpos da leishmaniose,no entanto pode ter se defendido da doença", detalha.

O protocolo do Ministério da Saúde para a leishmaniose, que é seguido pelo Centro de Controle, determina que o animal seja sacrificado e proíbe qualquer tipo de tratamento. Entre 2002 e 2011 foram registrados 34.683 casos em todo país, 3.917 somente no ano passado. No último ano, 249 pacientes morreram.

Para o Ministério, a redução dos casos só é possível com o controle do agente transmissor, o mosquito, e também do reservatório, no caso o cão doméstico.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério, o tratamento não é autorizado e quando os cães não são mortos eles continuam transmitindo a doença. As prefeituras podem decidir sobre o futuro dos animais, como no caso do cão Scooby, mas que elas assumem o risco de transmissão de doenças para a população.

O prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) informou que o futuro do cão, que virou mascote nas redes sociais, depende do resultado de exames que vão confirmar ou não a presença da doença. Trad Filho afirmou que o Ministério vai ser informado sobre a decisão em relação á Scooby, mas declarou que é uma questão de saúde pública e que o protocolo deve ser seguido.

Até o resultado do novo exame, Scooby continua no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) onde recebe tratamento para os ferimentos provocados após ser arrastado pelo dono amarrado a uma moto.

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