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Capital

Chuva dá medo e moradores adoecem, vítimas de ansiedade climática na Capital

Comunidade mostra como reage quando o céu fecha esperando alagamentos e vazamentos de esgoto

Por Ketlen Gomes | 10/12/2025 13:15

Aos primeiros sinais de chuva em Campo Grande (MS), o que representa alívio ao calor para muitos vira gatilho para ansiedade de moradores de regiões periféricas de Campo Grande, onde a infraestrutura ainda não chegou, como no Jardim Colorado. Sem asfalto, várias ruas do bairro acumulam lama e alagam; bueiros estouram e algumas casas ficam sem energia. As famílias convivem com apreensão sempre que o tempo fecha.

RESUMO

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Moradores do Jardim Colorado, em Campo Grande, enfrentam sérios problemas durante períodos chuvosos. Sem asfalto, as ruas acumulam lama e alagam, causando transtornos como estouros de bueiros, retorno de esgoto e quedas de energia. A situação afeta principalmente as famílias que residem próximas ao Rio Anhanduí. O problema impacta diretamente a rotina escolar das crianças do bairro, que frequentemente não conseguem acesso às aulas em dias de chuva forte. Moradores relatam acidentes causados por buracos nas vias e bueiros sem tampa, além de manifestarem preocupação com a falta de infraestrutura básica. A situação persiste há anos, segundo relatos de habitantes que vivem no local há mais de duas décadas.

A artesã Bruna Gabriele Cesário, de 32 anos, mora no bairro há dois anos e conta que a filha de 9 anos sofre crises quando chove. "Ela fica questionando se o pai está chegando em casa e como vai ser", diz. A família vive na Rua Sebastião Ferreira, na parte mais baixa do bairro, entre a enxurrada e o Rio Anhanduí.

Chuva dá medo e moradores adoecem, vítimas de ansiedade climática na Capital
Sebastião é morador do bairro há 24 anos, e desde então pede por asfalto e melhorias na infraestrutura do local. (Foto: Paulo Francis)

Bruna diz que não teme tanto a subida do rio, mas sim a falta de escoamento da rua, que provoca o retorno do esgoto. “A água escorre e estoura esgoto. Todas essas bocas de lobo de esgoto aqui da rua até perto do mercado, elas estouram com qualquer chuva”, relata a moradora. O problema se repete a cada temporal.

A vizinha Jaqueline da Silva, de 35 anos, enfrenta situação semelhante e afirma que a água invade até a metade do quintal. Sem rede de esgoto, ela conta que o material que sai dos bueiros chega às casas e segue até o rio. “A gente não dormiu, foi até às 2h da manhã. A vizinha daqui também não dorme, as crianças ficam todas trancadas e sobem na cama, a família toda com medo. Não é nem muito o córrego, mas é a água da chuva que vem, que alaga mais que o córrego”, destaca.

Chuva dá medo e moradores adoecem, vítimas de ansiedade climática na Capital
Rio Anhandui fica no quintal das casas de Bruna e Jaqueline, vizinhas no Jardim Colorado. (Foto: Paulo Francis)

O mecânico Sebastião de Oliveira, de 55 anos, mora há 24 anos no Jardim Colorado e afirma que pede asfalto desde que chegou ao local. Ele diz que enfrenta dificuldades para sair na rua e levar as filhas à escola quando chove. O mesmo ocorre com Bruna e Jaqueline, que têm filhos em idade escolar.

Bruna relata que a escola já conhece a situação do bairro e orienta as famílias em dias de chuva forte. “Essas três ruas aqui, quando chove elas alagam e fazem buracos enormes. As crianças daqui da parte de baixo não têm acesso à escola. A escola já sabe dessa situação envolvendo chuva aqui no bairro, tanto é que em dias que está chovendo muito, a escola manda para a gente no grupo dos pais que não vai ter chamada, mas pede que justifique que não foi por causa da chuva”, conta.

As mães afirmam que ficam mais apreensivas por morarem perto do rio e pelo risco da enxurrada. Jaqueline diz que as crianças precisam ficar dentro de casa e relata casos perigosos. “Tem criança que pula dentro da água também na chuva, tem muita criança aqui banhando. Tem mãe que fica doidinha que não sabe que o filho está por aqui”, afirma. Ela diz ainda que já viu “corpos descendo o rio”.

Chuva dá medo e moradores adoecem, vítimas de ansiedade climática na Capital
O marido de Bruna é chamado pela filha mais velha do casal, sempre que chove, devido as crises de ansiedade da criança. (Foto: Paulo Francis)

Durante a presença da reportagem na tarde desta segunda-feira (8), enquanto chovia na Capital, um bueiro estourou e espalhou água suja entre as casas. Um poste próximo às ruas Sebastião e Sidinei Ferreira também explodiu, provocando queda de fase e interrupção de energia em alguns imóveis. As moradoras afirmam que a falta de energia na Rua Sebastião Ferreira é frequente e já causou acidentes.

Jaqueline relata que a prima caiu dentro de um esgoto sem tampa durante a noite, quando a rua estava escura. “A gente já tinha feito vários pedidos para arrumar, porque esse esgoto ele estoura e fede muito forte. Aí depois que ela caiu, eles começaram a vir”, afirma. A familiar sofreu ferimentos na perna, foi levada à Santa Casa e recebeu atendimento.

Os buracos das ruas também causam acidentes. Bruna afirma que viu motociclistas caírem em um buraco próximo à sua casa. “Umas cinco vezes, porque o buraco é enorme e não sinalizado”, diz. Ela relata que “usuários de droga colocam um monte de coisas dentro para as pessoas não caírem”, mas afirma que, durante as chuvas, a água misturada ao esgoto impede qualquer visualização. “Não vê mais nem a rua”, descreve.

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Bruna e o marido tentam acalmar os filhos e se seguram na fé para passar pelos dias de chuva. (Foto: Paulo Francis)

A moradora diz que sente desespero quando vê a água subir perto da casa. “É a primeira vez em dois anos que a gente está aqui e a água subiu este ano. No ano passado, não subiu”, conta. Sebastião afirma que o bairro sofre com “falta de infraestrutura” e diz que a situação “fica pior ainda” durante o período de chuvas.

A Águas Guariroba afirmou, em nota, que uma equipe de manutenção foi enviada ao local para verificar a situação e, caso o vazamento seja confirmado, realizará a manutenção da rede de esgoto. Em caso de necessidade de intervenção, a empresa pede que os moradores se comuniquem pelos canais oficiais: telefone 0800 642 0115 e pelo site.

"A concessionária ressalta que extravasamentos de esgoto ocorrem principalmente por mau uso da rede, como descarte incorreto de resíduos sólidos, além de ligações irregulares de água da chuva na rede de esgoto", explica.

A Energisa informou que esteve no local na terça-feira (9) e verificou que teve uma ocorrência pontual na região, provocada por um objeto lançado contra a rede, que possivelmente seria um galho de árvore, e impactou o fornecimento de energia de duas ruas do bairro. A empresa relata que equipes da Energisa estiveram no local e reestabeleceu o fornecimento de energia às 21h13, "após reparos na rede danificada".

A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que as vias não pavimentadas recebem manutenção frequente, com patrolamento e cascalhamento, e nas ruas asfaltadas é feita limpeza das bocas de lobo e manutenção nos bueiros.

"O sistema de drenagem recebe água da chuva que é levada para os córregos. Dessa forma, a água do sistema de captação de águas pluviais não provoca mau cheiro, a não ser que durante a chuva a enxurrada traga material que provoca esse tipo de situação", destacou em nota.

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Água da chuva passa por casas, antes de chegar ao Rio Anhandui, e deixa famílias em alerta. (Foto: Paulo Francis)

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