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Capital

"Cliente tem medo de parar", diz comerciante da Av. das Bandeiras

Empresários e moradores notam que houve aumento de roubos, brigas e outros incidentes de violência na região

Por Mylena Fraiha e Geniffer Valeriano | 13/05/2024 17:33
Dependentes químicos em situação de rua são vistos em calçada da Avenida das Bandeiras (Foto: Paulo Francis)
Dependentes químicos em situação de rua são vistos em calçada da Avenida das Bandeiras (Foto: Paulo Francis)

Comerciantes e moradores da Avenida das Bandeiras, no Jardim Jóquei Club, na Capital, falam de aumento de roubos, brigas e outros incidentes de violência na região. Em grande parte, eles associam esses problemas ao crescente número de dependentes químicos em situação de rua na região.

A reportagem esteve no local na tarde desta segunda-feira (13) e constatou que o ponto com maior concentração de pessoas em situação de rua fica no cruzamento da Avenida das Bandeiras e a Rua Sol Nascente. Muitos juntavam materiais recicláveis.

Conversando com comerciantes locais, as reclamações foram unânimes: aumento no número de roubos e brigas constantes na região. Luiz Amate, de 60 anos, diz que trabalha e mora na região há mais de 50 anos.

Segundo ele, o problema tem se agravado com o tempo, inclusive, com casos de agressão física entre os moradores de rua. “Estou aqui há anos, mas depois que abriu aquela reciclagem, parece que aumentou a quantidade de usuários. Eles fazem tudo ali. Brigam, usam drogas, fora a sujeira que fica também”.

Comerciante Luiz Amate relata que o número de dependentes químicos em situação de rua tem aumentado na região (Foto: Paulo Francis)
Comerciante Luiz Amate relata que o número de dependentes químicos em situação de rua tem aumentado na região (Foto: Paulo Francis)

De acordo com Luiz, usuários do transporte público começaram a evitar o ponto de ônibus localizado no mesmo cruzamento. “Hoje está bonito. Tem dias que está bem pior. Eles ficam amontoados ali e as pessoas nem usam mais aquele ponto de ônibus”, reclama.

O comerciante também relata que o local tem acúmulo de lixo e muita comida jogada no chão. “Não sou contra os projetos sociais, mas depois que eles recebem as marmitas, deixam o alimento jogado, que acaba apodrecendo e cheirando mal. As embalagens também ficam ali, e nós temos que limpar depois”, complementa.

De acordo com o comerciante, por conta desses problemas, o número de clientes tem diminuído. “Muitos têm medo de parar e outros já foram roubados. Eles levam tudo, até a grade do cavalete de água. Fio, nem preciso falar, está sempre nos jornais”, lamenta Luiz.

Frentista Renan diz que notou um aumento de dependentes químicos e moradores de rua na região (Foto: Paulo Francis)
Frentista Renan diz que notou um aumento de dependentes químicos e moradores de rua na região (Foto: Paulo Francis)

O frentista de um posto de gasolina da região, Renan de Oliveira, 23 anos, relata que trabalha no ponto há dois anos e meio. Ele também notou um aumento de dependentes químicos e moradores de rua na região.

“Aqui não incomoda tanto. Eles vêm mais para beber água e ir ao banheiro. Teve uma vez que roubaram a fiação e em outra, levaram uma torneira, deixando água vazando. Fomos atrás de quem roubou e conseguimos pegar de volta”, explica Renan.

“É um problema social” - Alvo de críticas, Marinalva Aguiar, de 47 anos, proprietária de um ponto de reciclagem na região, compartilha que, frequentemente, seu estabelecimento é associado ao problema. "Para nós que trabalhamos na área da reciclagem, acabamos sendo vistos com maus olhos, pois o aumento dessas pessoas é frequentemente associado à nossa atividade", explica.

Ela ressalta que muitos comentam que o problema existe na região há mais de 20 anos, mas ela está no local há apenas quatro anos. “É um problema social, e as marmitas que eles recebem fazem com que eles fiquem acomodados”.

Marinalva diz que também se incomoda com a realidade social no lugar. Afirma que alguns moradores de rua acabam por “bagunçar” seu lixo, em busca de materiais de reciclagem. “Aqui tem muita sujeira. Eu mesma tenho problema com o meu lixo. Não deixo na calçada. Levo para minha casa, para recolher por lá”.

Dependentes químicos em situação de rua são vistos em calçada da Avenida das Bandeiras (Foto: Paulo Francis)
Dependentes químicos em situação de rua são vistos em calçada da Avenida das Bandeiras (Foto: Paulo Francis)

Importante mencionar que entre setembro de 2016 e setembro de 2023, conforme o CadÚnico, de 404, aumentou para 1.545 o número de pessoas que passaram a morar na rua em Mato Grosso do Sul, com maior concentração – cerca de 891 – em Campo Grande.

Medidas - A reportagem contatou a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) para obter informações sobre as medidas que a pasta tem implementado para auxiliar as pessoas em situação de rua.

Quanto à segurança na região, o Campo Grande News também procurou a SESDES (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) para entender se houve um crescimento no número de roubos na região e saber quais medidas foram adotadas para lidar com essas questões. O espaço permanece aberto para inclusão de informações adicionais.

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