Com atraso de auxílio e salário ameaçado, coleta de lixo pode parar
Segundo o sindicato que representa os funcionários da CG Solurb, empresa alega que não recebeu repasse
Coleta de lixo e varrição de vias públicas de Campo Grande podem ser paralisadas esta semana. Segundo o Steac-MS (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação de Mato Grosso do Sul), os 1,2 mil funcionários da CG Solurb ainda não receberam o auxílio-alimentação e a empresa não deu garantias de que o salário será pago em dia.
De acordo com o presidente do Steac-MS, Wilson Gomes da Costa, a CG Solurb comunicou seus funcionários na última sexta-feira que o ticket alimentação não seria depositado no primeiro dia do mês, como é previsto no acordo coletivo da categoria. A empresa justificou ao sindicato que a prefeitura de Campo Grande não repassa os valores devidos há três meses, que somariam R$ 23 milhões.
Ainda na sexta, a CG Solurb pediu que os funcionários aguardassem até hoje, já que a prefeitura alegou que faria o repasse nesta segunda-feira. “Não houve o repasse da prefeitura e não tem previsão. E o que é mais grave, o quinto dia útil está aí e não garantiram o pagamento. Se não derem um posicionamento, a gente vai reunir o pessoal e provavelmente a gente vai parar”, disse Costa.
“A gente consegue segurar um pouco, mas é difícil convencer o trabalhador a ir trabalhar sem comer. Hoje, caso não haja o pagamento do ticket, vamos fazer outra assembleia para decidir qual é o rumo que vamos tomar”, continuou o presidente do Steac-MS. O auxílio-alimentação dos funcionários da CG Solurb é de R$ 450.
Ainda segundo o sindicato, os trabalhadores que entram de férias em junho não receberam o pagamento do direito. Conforme a legislação, as férias do funcionário devem ser quitadas até dois dias antes do início do período. O Steac-MS recomendou que estes trabalhadores continuem se apresentando para o serviço até que o pagamento seja feito e, assim, o período de gozo começaria a contar a partir da regularização do débito.
Em nota, a CGSolurb reconhece que o pagamento do ticket-alimentação, no valor de R$ 1,1 milhão, está em atraso "por absoluta falta de recursos financeiros". A empresa alega que "essa situação é decorrente do fato de a prefeitura não ter feito o pagamento dos valores contratualizados pela prestação de serviços, que hoje somam R$ 24 milhões".
A CG Solurb defende que R$ 15 milhões do total estão em atraso, enquanto R$ 9 milhões já estão computados como créditos a receber. Ainda segundo a nota, a prefeitura teria se comprometido a a repassar R$ 3 milhões hoje, o que até o momento não teria se concretizado.
A concessionária também revela que "o atraso no pagamento pelos serviços prestados, que giravam na média de R$ 8 milhões, saltou para média de R$ 15 milhões mensais, o que zerou o capital de giro da empresa, levando-a à inadimplência com seus fornecedores, o que poderá em curto prazo comprometer a prestação dos serviços à população".
Conforme o portal da Transparência, a prefeitura tem R$ 40 milhões empenhados – ou seja, reservados para pagamento – para aCGSolurb este ano. A empresa tem a concessão para prestar o serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos em Campo Grande desde 2012.
A reportagem pediu posicionamento da prefeitura, que não respondeu até a publicação da reportagem.