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Capital

Com centro de esportes só no papel, crianças improvisam para brincar

Campinho com montes de pedras, ou mesmo a rua são cenários para integração dos pequenos

Christiane Reis | 22/11/2016 06:23
Criança brinca no campinho ao lado da obra que vai abrigar o Centro de Artes e Esporte. (Foto: Alcides Neto)
Criança brinca no campinho ao lado da obra que vai abrigar o Centro de Artes e Esporte. (Foto: Alcides Neto)

Já tem 14 dias que o Governo Federal anunciou a retomada de 44 obras em Mato Grosso do Sul. Das 16 em Campo Grande, duas são os chamados CEUs (Centro de Artes e Esporte Unificados) e 14 são Ceinfs (Centros de Educação Infantil). A prefeitura afirma que ainda não há previsão para iniciar a retomada das obras e, enquanto isso, o lado de fora do que deveria ser um espaço para esporte e lazer é a opção que as crianças do Bairro Parque do Sol têm.

“Ainda não há uma posição oficial sobre o calendário de retomadas das obras”, disse o diretor de projetos da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Paulo Afonso Bento.

No Parque do Sol, a obra que ocupa quase uma quadra inteira nas Ruas Maria Del Horno Samper, Cenira Soares Magalhães, Manoel Macedo e Durando Pereira da Silva, vai consumir, segundo o Ministério da Cultura, R$ 4,3 milhões, já incluindo contrapartida do município de R$ 867,6 mil. O repasse do Ministério da Cultura será de R$ 3,5 milhões.

Cercada por tapumes, com a placa indicativa de obra quase não resistindo ao tempo, só é possível ver o que seria a estrutura para uma quadra de esportes. Quem mora por ali conta que no local haverá pista de skate e quadra de areia, além de espaço seguro para as crianças brincarem.

Projeto para Centro de Artes e Esporte. (Foto: Reprodução/ Arquivo)
Projeto para Centro de Artes e Esporte. (Foto: Reprodução/ Arquivo)

“O bom é que tem esse campinho do lado, é ali que meu filho brinca. Mas sonhamos com essa praça logo porque assim ficaríamos mais tranquilos em deixar a criança andar de bicicleta e soltar pipa”, disse a dona de casa Simony da Silva, 32 anos. Mesmo o campinho oferece alguns obstáculos para as crianças. “Colocaram pedras ali, mas ainda assim tem um pouco de espaço”.

Com 15 crianças em casa, entre netos e sobrinhos, a também dona de casa Eva Ruburgo, 56 anos, diz que o que resta para as crianças é brincar em casa. “Aqui não tem muito espaço, mas é melhor que deixar brincar na rua. Essa obra aí, quando ficar pronta, vai ser muito bom para gente, não apenas para as crianças, para nós adultos também, que teremo0s um espaço para caminhar”.

A babá Nizelda da Silva, 59 anos, disse que o que resta para as crianças é brincar na rua. “ Ah eles não tem onde brincar aqui não, o jeito é ir para rua. Elas ficam ansiosas e sonham com essa bendita praça”, disse.

Pedras colocadas no campinho são obstáculos para crianças. (Foto: Alcides Neto)
Pedras colocadas no campinho são obstáculos para crianças. (Foto: Alcides Neto)
Estrutura da quadra de esportes no Bairro Parque do Sol. (Foto: Alcides Neto)
Estrutura da quadra de esportes no Bairro Parque do Sol. (Foto: Alcides Neto)

A dona de casa, Danielle da Silva Urta, 22 anos, disse que tem dois filhos e que a rua, realmente acaba sendo o cenário das brincadeiras. “Quando não estão na escola, o espaço para brincar acaba sendo a rua mesmo. A praça será um espaço seguro e tranquilo para as mães”.

Situação – A reportagem já visitou a obra do CEU do Jardim Noroeste, outra que também deve ser retomada pelo Governo Federal. Ali, a situação não é diferente, pois os moradores além de sofrerem a ausência de outros serviços não têm à disposição um local seguro para que as famílias possam passear e as crianças e adolescentes brincarem.

Além dos Centros de Artes e Esporte, a reportagem também já visitou obras paradas de Ceinfs nos Bairros Noroeste, onde há cercamento e a obra está aparentemente protegida, Talismã, onde não há nem sequer placa com indicativo de obra, e Zé Pereira, onde apesar de cercada com tapumes está pichada e acaba sendo alvo de vândalos.

Retomada – No dia 7 de novembro, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou a retomada de 44 obras em 25 municípios do Estado, dentro de um total de 1,1 mil em todo o Brasil. Na relação de projetos parados constam 16 em Campo Grande, sendo os dois CEUs e 14 creches, que somam custo previsto de R$ 25,9 milhões.

A segunda cidade sul-mato-grossense com mais obras a serem retomadas é Dourados, a 233 km da Capital. Constam na relação duas creches, além da segunda etapa do projeto de urbanização da região do Córrego Água Boa, este com custo estimado de R$ 7,9 milhões. Nesta segunda-feira (21), a reportagem tentou obter informações sobre a retomada das obras, tanto no Ministério da Cultura, quanto no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), mas até a conclusão deste texto não obteve retorno.

A obra está cercada por tapumes. (Foto: Alcides Neto)
A obra está cercada por tapumes. (Foto: Alcides Neto)
Nizelda da Silva é babá e está ansiosa para que a obra seja retomada. (Foto: Alcides Neto)
Nizelda da Silva é babá e está ansiosa para que a obra seja retomada. (Foto: Alcides Neto)
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