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Capital

Com cruz, velas e flores, grupo protesta contra violência após morte de haitiano

Mardochée Borgelin, de 35 anos, foi espancado até a morte por cerca de dez pessoas no dia 8 de janeiro

Por Viviane Oliveira e Clara Farias | 20/01/2025 09:34
Com cruz, velas e flores, grupo protesta contra violência após morte de haitiano
Haitianos durante protesto na manhã desta segunda-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

Com cruz, velas acesas e rosas (brancas e amarelas), cerca de 30 pessoas se reuniram na manhã desta segunda-feira (20) para pedir por justiça pelo caso do haitiano Mardochée Borgelin, de 35 anos, espancado até a morte por cerca de dez pessoas, no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, no dia 8 de janeiro.

RESUMO

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Um ato pacífico foi realizado em Campo Grande em memória do haitiano Mardochée Borgelin, que foi brutalmente assassinado em janeiro. Cerca de 30 pessoas, organizadas pela ASHABRA e Unegro, pediram justiça e destacaram a necessidade de acolhimento e dignidade para os haitianos no Brasil. O presidente da ASHABRA, Juel Ilora, enfatizou que a violência não é justificável e que os haitianos buscam uma vida melhor. Durante a manifestação, foi mencionado que duas pessoas foram presas sob suspeita de envolvimento na morte de Mardochée, que trabalhava no Brasil para trazer sua família para o país.

O ato pacífico, convocado pela ASHABRA (Associação Hatiano Brasileira) em parceria com a Unegro (União de Negros e Negras pela Igualdade), aconteceu em frente à vila de casas onde a vítima morava e foi morta, na Rua Antônio Rahe. Atualmente, cerca de dois mil haitianos vivem na capital sul-mato-grossense.

Conforme o presidente da associação, Juel Ilora, de 39 anos, ainda não se sabe o que de fato aconteceu, mas nada justifica a morte de Mardochée. “Queremos justiça para que isso não volte acontecer, nem que outro haitiano morra dessa forma brutal. Estamos aqui [Brasil] para uma vida melhor, ninguém deixou o Haiti para buscar confusão ou passar pelo o que nosso irmão passou”, disse.

Segundo Juel, Mardochée morava no Brasil havia dois anos e trabalhava para conseguir trazer a esposa e o filho. “A mãe dele tem 76 anos, que também mora no Haiti, ainda está em estado de choque”, lamentou. Cinco viaturas da PM (Polícia Militar) e duas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) acompanhavam a manifestação.

Com cruz, velas e flores, grupo protesta contra violência após morte de haitiano
Haitianos com cartazes pedindo por justiça (Foto: Henrique Kawaminami)

Para Romilda Pizani, coordenadora das entidades do movimento negro de Mato Grosso do Sul, a violência física nada mais é do que a comprovação de uma sociedade despreparada em relação a acolher e receber o que é diferente. “Nós não queremos que [o caso] caia no esquecimento, porque estamos falando de um corpo preto”, explicou.

De acordo com Romilda, os haitianos estão buscando no país a integridade física, o direito à sobrevivência e ao trabalho. “Ninguém sai do seu país de origem porque gosta, por prazer. As pessoas vêm aqui para ter direito à dignidade”, destacou.

O haitiano David Bernabé, de 41 anos, trabalhou com a vítima e afirmou que foi triste demais o que aconteceu. “Jogaram tijolo na cabeça dele. Não gostaria que isso voltasse a acontecer. Nós somos trabalhadores. Se ele tivesse feito alguma coisa, deviam ter chamado a polícia e não agido dessa forma”.

Com cruz, velas e flores, grupo protesta contra violência após morte de haitiano
Haitianos durante o ato ocorrido na rua onde a vítima foi assassinada (Foto: Henrique Kawaminami)

Prisão - Duas pessoas, Sidnei Gonçalves da Silva, de 31 anos, e Pablo de Souza Klipel, de 30 anos, foram presos sob suspeita de participação na morte do haitiano. Eles tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva em audiência de custódia. O caso continua sob investigação policial.

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