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Capital

Com tumulto e poucas senhas, tirar identidade exige fôlego de atleta

Aline dos Santos e Mariana Lopes | 10/01/2013 09:55
Assim que as porta se abrem, começa a corrida onde o prêmio é uma senha para fazer identidade. (Foto: Luciano Muta)
Assim que as porta se abrem, começa a corrida onde o prêmio é uma senha para fazer identidade. (Foto: Luciano Muta)

Para ter acesso aos serviços do Posto de Identificação Central de Campo Grande, não basta que o cidadão tenha cópias de documentos e dinheiro para pagar as taxas, é preciso fôlego de atleta. A fila em frente ao Shopping 26 de Agosto, onde funciona o posto, começa cedo, por volta de 5 horas. Mas o fato de madrugar em frente ao endereço não é garantia de atendimento.

As pessoas até ensaiam uma fila, no entanto, muita gente chega depois e fica posicionada em frente à porta do estabelecimento comercial, na rua 7 de Setembro. Às 7h30, quando a porta começa a ser aberta, a correria é geral e a fila de antes não tem utilidade nenhuma. As pessoas saem em disparada e sobem correndo as escadas até o posto. Quem tiver fôlego, chega primeiro e tem mais chance de obter uma das 120 vagas distribuídas diariamente.

Para trás, ficam os idosos e portadores de necessidades especiais. “É um absurdo”, reclama Kária Silene Ribeiro de Souza, de 41 anos. Há três dias o seu marido, que é cego, foi ao posto e não conseguiu atendimento. “Vim sozinho e não consegui pegar a senha”, afirma José Paulo de Oliveira, de 41 anos. Hoje, a esposa saiu correndo , conseguiu pegar a senha e retornou para então levar José Paulo.

De forma oficial, o posto informa que há atendimento preferencial. Mas a reportagem constatou que na prática, a situação é outra. O aposentado Grimaldo Grella, de 70 anos, chegou às 5h30 e era o nono da fila informal formada em frente ao shopping. Já na fila dentro do posto, onde a ordem de chegada é determinada pela capacidade de correr, ficou para trás. Com mais de 50 pessoas na sua frente, ele foi informado de que idoso e gestante tinha preferência. No entanto, teria que enfrentar a mesma fila dos demais para obter a senha.

Cego, José Paulo tentava ser atendido há três dias. (Foto: Luciano Muta)
Cego, José Paulo tentava ser atendido há três dias. (Foto: Luciano Muta)

A desorganização e o número limitado do atendimento levaram o desempregado Jean Fabrício Rocha Fernandes, de 39 anos, ao desespero. Ele precisa da segunda via do RG para ser registrado no novo emprego, mas não conseguiu senha. Já a administradora de empresa Cláudia de Souza Ramos, de 45 anos, perdeu mais uma manhã de trabalho. “Estou vindo aqui desde segunda-feira”, relata.

Ela conta que as senhas acabam, mas o público da fila sequer é informado. Hoje, ela mudou de estratégia e pediu que a cunhada fosse para frente do shopping às 6h da manhã. Na fila informal, ela foi a 12ª, mas depois de abertas as portas e a correria, conseguiu a senha 35. Cleuza levou o filho de 14 anos para fazer o documento de identidade.

“Sabia que era bastante cheio, por isso cheguei 5h30. Mas precisa ser mais organizado. Isso aqui é o país da injustiça mesmo”, desabafa Wanderson Roque, de 39 anos. Sexto na fila informal, foi embora sem senha.

Falta pessoal - O diretor do Posto de Identificação Central, Rubens Siles, admite que nesta época do ano, devido às férias, já é esperado aumento de 30% da demanda. Contudo, o local não tem funcionários em número suficiente, por isso atende apenas 120 pessoas por dia.

Ele conversou com as pessoas na fila e se comprometeu a distribuir, pessoalmente, as senhas às 6h de amanhã. Rubens afirma que precisa de mais funcionários, pois não tem como pagar hora-extra para que eles entrem mais cedo.

De acordo com a assessoria de imprensa da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), será realizada hoje uma reunião entre o secretário Wantuir Jacini e a direção do posto para resolver o problema. O posto funciona no Shopping 26 de Agosto desde maio do ano passado.

Veja abaixo o vídeo mostrando a entrada das pessoas no local:

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