Como protesto, até crianças vão para a escola vestindo preto
A iniciativa de substituir o uniforme foi de um grupos de mães

A onda de manifestações e protestos que tomou o Brasil nos últimos dias não poupou nem as crianças. Na tarde desta quinta-feira (17), a turma do nível 4 da Escola Espaço Livre, localizada no bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande, deixou o uniforme de lado e foi para a aula vestindo blusas pretas. As 12 crianças têm entre quatro e cinco anos.
De acordo com a coordenadora da educação infantil da escola, Ana Gorett Pereira Bessa, a instituição procura esclarecer dúvidas das crianças sobre política e o momento atual que o país vive, mas, a iniciativa da roupa preta foi de um grupo de mães.
- Leia Também
- Protesto contra Dilma tem até vizinha de Delcídio na Capital
- Protesto reúne 1,5 mil pessoas na Avenida Afonso Pena, segundo a PM
"As crianças de hoje são muito conectadas, vêem tudo, ouvem tudo. Tem cerca de uma semana que todos os dias as crianças chegam e fazem perguntas como 'Quem é o Lula?', 'O que é corrupção'? 'O que é honestidade?'. A escola tem o deve de despertar o sentimento de cidadania nas crianças, mas, sempre neutros em relação a partidos.", comentou a coordenadora.
Ana Gorett confessa que quando uma das mães ligou para verificar se poderiam substituir o uniforme por uma blusa preta, se perguntou se as crianças entenderiam o significado dessa atitude. A resposta vem dos próprios alunos.
"O preto é o luto porque tem gente roubando o nosso país, e roubar não é certo", respondeu uma das crianças, de quatro ano. "Estou usando preto porque eu quero um país melhor", respondeu outra, só um ano mais velha.
Uma das mães que teve a iniciativa foi a empresária Patrícia Pandin da Costa, 44 anos. "Temos um grupo no whatsapp de todas as mães da turma. Hoje de manhã, trocamos fotos de nós mesmas vestindo preto e foi quando surgiu a ideia de vestirmos as crianças assim também. Todas toparam", conta a mulher que acredita que, apesar da pouca idade, a filha, de quatro anos, entende o significado de substituir o uniforme.
"Do jeito que está, as coisas só vão piorar. Eu quero que ela saiba que estamos lutando por um futuro melhor para ela e para todas as crianças", disse Patrícia.
A fisioterapeuta Lilian Furlani, 34 anos, conta que a filha, de quatro anos, há alguns dias vem acompanhando a situação. "O pouco que ela entender já é válido", comenta.
O corretor de imóveis Rodolfo Almirão, pai de um menino de cinco anos, acredita esse tipo de atitude colabora com a formação cívica do filho. "A situação que o país vive hoje existe porque por muito tempo ninguém fez nada. Amanhã, depois, ele escolhe o que ele quiser como partido, mas ele precisa saber que o que está acontecendo hoje não está certo", declarou.