ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Contra violência, programa reforma segurança em 160 escolas públicas

Programa foi escolhido por entidade internacional e será monitorado durante 1 ano; Policiais farão rondas em 160 escolas municipais e estaduais de Campo Grande

Izabela Sanchez e Mayara Bueno | 04/10/2017 16:35
(Marina Pacheco)
(Marina Pacheco)

Os homicídios de jovens de 15 a 19 representaram 46,8% do total de assassinatos em 2015, segundo o Atlas da Violência, do Ipea (Instituto de pesquisa econômica aplicada). O crescimento da violência entre crianças e adolescentes é o cenário que motiva, conforme o governo, o lançamento do programa 'Escola Segura, Família Forte' da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), que irá atender 160 escolas públicas de Campo Grande, entre municipais e estaduais, com rondas e atendimento comunitário.

O lançamento ocorre na tarde desta quarta-feira (4), na Praça do bairro Estrela do Sul, com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do titular da Sejusp, José Carlos Barbosa. Representantes da comunidade, autoridades das pastas de Segurança e da Educação e diversos servidores das forças policiais também participam do lançamento.

O local escolhido para lançar o programa integra lista de bairros periféricos como Nova Lima e José Abraão onde há os maiores índices de violência nas escolas e no entorno dos locais de ensino, conforme explicaram os realizadores. O programa também foi selecionado por uma entidade internacional para ser acompanhados durante 12 meses.

Viaturas são adaptadas para o atendimento (Marina Pacheco)
Viaturas são adaptadas para o atendimento (Marina Pacheco)

Viaturas adaptadas - Adquiridas por R$ 55 mil cada, no âmbito do programa 'MS mais Seguro', 6 viaturas adaptadas da polícia militar farão as rondas. Dois policiais estarão em cada veículo, das 6h30 às 23h, de segunda à sexta-feira, segundo o coordenador das frotas, Coronel Renato Tolentino.

A ideia, após um período de 'teste', é ampliar para outras cidades do Estado, explica o governador. "Dando certo nas grandes cidades, com certeza vamos levar para todas cidades. A gente espera que com a presença deles diminua os problemas vivenciados e beneficie a comunidade escolar. Diminuir a violência não é só colocar policial, mas mudar cultura. As palestras e outros projetos podem ajudar isso".

Coordenador do programa, Valson Campos dos Anjos é servidor da Sejusp e afirma que 20 policiais já foram capacitados para o projeto. Ele relata que trabalhou como diretor de várias escolas no Estado e que o policiamento "é o sonho de todo diretor". Valson citou o caso de um aluno assassinado no início da década de 1990 para ilustrar a questão. Hoje, conta ele, as escolas são alvo de furtos e diversos tipos de violência ocorrem no entorno dos estabelecimentos de ensino.

A Sejusp afirma que o número de ocorrências em relação às escolas é irrisório, mas que o baixo índicice ocorre porque os delitos e crimes não culminam em boletins de ocorrência, e dessa forma, perdem o registro. Para o coordenador, no entanto, a experiência diária ilustra a violência.

É o que também afirma uma pesquisa global feita com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos), que colocam o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. A enquete da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) afirma que 12,5% dos professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. É o índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média é de 3,4%.

Valson Campos dos Anjos, coordenador do programa (Marina Pacheco)
Valson Campos dos Anjos, coordenador do programa (Marina Pacheco)

Grupo de Whatsapp - O Coronel Tolentino explica que além do 190, os policiais e envolvidos no projeto farão parte de um grupo no aplicativo de comunicação Whatsapp. O Coronel declarou que as crianças e adolescentes que forem vistas de uniforme podem ser abordadas pelos policiais. Ainda assim, segundo ele, a conscientização, também é objetivo do programa, que tem parceria com diversas autarquias estaduais e municipais das pastas de segurança pública e educação.

Programas como o Proerd, de combate às drogas; Justiça Restaurativa, que incentiva a resolução de conflitos e o Proceve, que combate a evasão escolar, devem ganhar reforço. Outra questão alterada para o atendimento específico da região escolar é o carro adaptado.

"Esses policiais passaram por capacitação em polícia comunitária. Não é uma ação repressiva, também vai ter conscientização, para que passe a mensagem de que a escola é um ambiente de paz. Vão estar em contato direto com os policiais, estabelecer um contato direto para poder confiar na polícia militar", declarou o secretário estadual de segurança.

Os alunos que forem "flagrados" matando aula serão encaminhados para a escola. Já aqueles que praticarem qualquer ato infracional, serão encaminhados para à delegacia responsável, segundo o Coronel que coordena as frotas. 

"É muito importante e vai integrar todos os projetos de segurança pública já existentes, vai criar um canal de comunicação. A ideia é aproximar dos alunos, da escola, e dos pais, para que as pessoas passem a confiar na polícia", complementou o secretário.

Titular da Sejusp, José Carlos Barbosa, durante o evento (Marina Pacheco)
Titular da Sejusp, José Carlos Barbosa, durante o evento (Marina Pacheco)

Selecionado por entidade internacional

O programa foi o único selecionado no Brasil, na área de segurança, pela CAF (Corporação Andina de Fomento) - ligada ao Banco de Desenvolvimento da América Latina, para ser acompanhado durante 12 meses. Após o período, se a violências nas escolas da Capital diminuirem, a entidade pode ingressar com capacitação e financiamento, e o programa pode ser ampliado para outras cidades do Estado.

Vendedora, Mônica Mas, 41, acompanhou o lançamento e afirma que a violência da região motivou a matrícula dos 2 filhos em escolas do centro, onde há policiamento.
"Não coloco porque acho inseguro, não tem ronda, a escola onde estudam é no centro porque tem ronda, é extremamente importante ter esse projeto", comentou.

Nos siga no Google Notícias