Córrego Vendas tem água barrenta e sinais de despejo de cimento
Trecho já é alvo do Ministério Público após o órgão identificar risco de assoreamento
Alvo de inquérito civil por risco de assoreamento, o córrego situado na Rua Nelson Figueiredo Júnior, região do bairro Antônio Vendas, em Campo Grande, apresenta baixo volume de água e marcas brancas que indicam possível despejo de cimento, segundo imagens enviadas por moradores ao Campo Grande News nesta quarta-feira (9).
RESUMO
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O córrego localizado na Rua Nelson Figueiredo Júnior, no Bairro Antônio Vendas em Campo Grande, apresenta sinais de possível despejo de cimento e baixo volume de água. O local é alvo de inquérito civil por risco de assoreamento, com imagens mostrando água barrenta e acúmulo de areia. O Ministério Público abriu investigação envolvendo a Fibra Construtora, a Borges Maciel Pinheiro Engenharia e a Prefeitura de Campo Grande. O caso está relacionado a um empreendimento imobiliário que resultou em movimentações de terra acima do nível da rua, gerando preocupações sobre possíveis alagamentos futuros.
As fotos, recebidas pelo canal Direto das Ruas, também mostram uma montanha de areia marrom junto à água, que fica barrenta, aumentando o risco de futuros alagamentos em caso de chuva forte.
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Há um mês, o MP (Ministério Público) abriu inquérito com objetivo de firmar TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com os responsáveis pela obra. No texto, a Fibra Construtora Ltda. é apontada como responsável pelo empreendimento imobiliário que resultou em grandes movimentações de terra e aterros acima do nível da rua.

Já a Borges Maciel Pinheiro Engenharia Ltda. aparece vinculada a etapas específicas da execução de serviços de engenharia, sem ser proprietária do conjunto habitacional, mas igualmente sujeita às obrigações ambientais e urbanísticas.
A Prefeitura de Campo Grande também é citada como corresponsável. O MP cobrou das Secretarias de Infraestrutura e de Meio Ambiente relatórios sobre a fiscalização da obra, além da adoção de medidas emergenciais para conter os danos. A promotoria lembra que, mesmo em empreendimentos privados, cabe ao município licenciar, monitorar e exigir ações corretivas, como manutenção de canais de drenagem e fiscalização contínua das movimentações de terra.
O procedimento reúne laudos, despachos e visitas realizadas entre novembro de 2024 e abril de 2025. Os técnicos apontam que a situação exige acompanhamento constante para evitar novos danos.
Em março, o engenheiro responsável pela obra, Mateus Veronezi, rebateu a acusação feita por moradores. Ele explica que dentro do terreno, onde será construído um clube esportivo, passa uma bacia de drenagem, que não está conseguindo drenar a água adequadamente, e que ocorreu uma erosão.
“Em 2008, a prefeitura fez uma obra para canalizar o córrego dentro da área de preservação. A água deveria ficar represada e ir escoando aos poucos pela tubulação, mas, por conta da erosão das árvores que caíram, além da terra e das pedras, o tubo ficou muito obstruído. Isso aqui deveria ser uma bacia de retenção de água, mas a barreira de contenção cedeu. Então, aqui foi criado um canal que faz a água descer com toda a força para a rua”, afirma.
Ainda de acordo com ele, já foi enviado um ofício à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) solicitando a revitalização, e agora estão tentando autorização para que a própria empresa execute essa obra.

À época dos fatos, o secretário municipal de Obras, Marcelo Miglioli, informou que já está ciente da situação e que irá apurar as responsabilidades. “Já estou a par do problema. Temos conhecimento de que isso ocorreu após o início de uma obra particular. Vamos ao local para apurar as responsabilidades; não vamos fazer juízo de valor antecipado. Farei um pronunciamento depois que formos à obra, verificarmos o que precisa ser feito e quais são as responsabilidades de cada um”, pontuou.
O Campo Grande News entrou novamente em contato com a Prefeitura de Campo Grande e as duas empresas citadas, mas não obteve resposta dentro do prazo estipulado de uma hora para a publicação do texto. Todos os citados foram questionados sobre as imagens apresentadas na reportagem e sobre o inquérito do MP.
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