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Capital

Corte nos salários leva servidores a paralisação em Campo Grande

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 07/02/2013 09:12
Servidores prometem paralisação de advertência no dia 18. (Foto: João Garrigó)
Servidores prometem paralisação de advertência no dia 18. (Foto: João Garrigó)

O pagamento de salários sem gratificações vai levar o funcionalismo municipal à greve em Campo Grande. “Vamos para a paralisação. Há 18 anos não tem greve na cidade. Mas com o corte salarial, o Poder Executivo nos provocou a fazer isso”, afirma o presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais), Marcos Tabosa.

Amanhã, o sindicato vai publicar comunicado de assembleia no Diário Oficial e no dia 18 acontece a paralisação de advertência, com duração de 24 horas. Se em 48 horas, a Prefeitura e os trabalhadores não entrarem em acordo, a greve geral começa no dia 21. Conforme Tabosa, os prazos são exigidos pela Justiça.

“O prefeito Alcides Bernal falou que ia valorizar o servidor e corta salário? É inaceitável, inconcebível”, salienta Tabosa. De acordo com ele, as gratificações para os administrativos da Educação e funcionários da Central de Atendimento ao Cidadão, num total de 450 servidores, têm impacto de R$ 62 mil na folha de pagamento mensal.

Desde o dia 23 de janeiro a situação de corte de gratificações, que na prática resulta em salário menor, é motivo de reclamação dos servidores. A média salarial das duas categorias é R$ 680. Os servidores da central recebem R$ 300 de abono. Já os administrativos têm acréscimo de R$ 150 correspondentes ao Profuncionário, pago a quem faz curso de qualificação. Na Semed (Secretaria Municipal de Educação), o corte do programa atinge 1.300 pessoas, entre as que concluiram ou estão fazendo o curso.

O presidente do Sisem sugere que o prefeito e os secretários municipais doem parte do salário para suprir a quantia correspondente às gratificações. Conforme Tabosa, os servidores concursados e que exercem caso de confiança, grupo que também não recebeu a gratificação pelo cargo de chefia, serão convidados a participar do movimento grevista.

Mudanças – Em vez de ser pago no segundo dia útil, o salário do primeiro mês de administração Bernal foi liberado somente hoje, quinto dia útil. O prefeito justificou que cumpre o prazo estabelecido em lei. A alteração repercutiu em dificuldades para os servidores.

Com um filho pensionista e portador de necessidades especiais, uma mulher de 52 anos conta que ficou sem recursos para comprar alimentos. A mãe teve que usar o dinheiro destinado ao supermercado para pagar o tratamento do filho, que inclui fisioterapia, terapia ocupacional e o salário de uma cuidadora. O pensionista tem 33 anos. “A vida toda, a gente recebia no terceiro dia útil”.

Responsável por sustentar uma família de seis pessoas, um agente comunitário de saúde reclama que só recebeu o incentivo, pouco mais de R$ 100.

Proibido – Por lei, salários não podem ser reduzidos. O que acontece é que em vez de ter os benefícios incorporados ao salário, os servidores tiveram os valores adicionais inclusos como gratificações, por meio de decreto. No caso do magistério, por exemplo, qualquer alteração deve ser feita por projeto de lei.

Em 2011, os agentes e saúde e de controle de epidemiologia fizeram greve reivindicando aumento salarial. No entanto, o Sisem não reconhece a ação por considerar ilegal o sindicato que representou a categoria.

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