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Capital

Da emergência ao acolhimento: como a Patrulha Maria da Penha salva mulheres

Equipe especializada da GCM realizou mais de 5 mil atendimentos em 2025, entre emergências e fiscalizações

Por Bruna Marques | 16/08/2025 08:33


RESUMO

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A Patrulha Maria da Penha, unidade especializada da Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande, realizou mais de 5 mil atendimentos em 2025, entre emergências e fiscalizações. Com 32 agentes, sendo 10 mulheres, a unidade opera com três viaturas, duas delas 24 horas por dia, garantindo resposta rápida em casos de violência doméstica. O trabalho da Patrulha será reconhecido nacionalmente pelo Conselho Nacional de Justiça com o Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral. Em 2025, Mato Grosso do Sul registrou 23 feminicídios e 12.873 casos de violência doméstica, com Campo Grande respondendo por 4.663 ocorrências.

O cotidiano da Patrulha Maria da Penha, unidade especializada da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Campo Grande, combina prontidão, acompanhamento constante e atenção aos detalhes. A reportagem acompanhou uma simulação de fiscalização, com uma servidora atuando como vítima. A equipe, composta por uma guarda municipal mulher e dois homens, dirigiu-se até a residência simulada e verificou se a medida protetiva estava sendo cumprida.

“Essa abordagem permite treinamento constante e garante que a equipe esteja preparada para situações reais, priorizando segurança e humanização do atendimento”, destacou a comandante da Patrulha, Nelis Vieira Ribeiro.

Desde janeiro, a patrulha registrou mais de 5 mil atendimentos entre emergências e fiscalizações.

Da emergência ao acolhimento: como a Patrulha Maria da Penha salva mulheres
Nelis Vieira Ribeiro, comandante da Patrulha Maria da Penha, detalha a atuação da equipe e reforça a importância do atendimento humanizado às mulheres (Foto: Marcos Maluf)

“O nosso foco principal é garantir a segurança da mulher, atuando não só na fiscalização das medidas protetivas, mas também na proteção das residências e acompanhamento contínuo das vítimas”, explica Nelis.

As medidas protetivas chegam do Judiciário por meio eletrônico e são distribuídas entre as regiões da cidade. Atualmente, a patrulha conta com 32 agentes, sendo 10 mulheres. A unidade possui três viaturas, duas operando 24 horas, que vão até a residência ou local de trabalho da vítima. Caso a mulher tenha mudado de endereço ou esteja em situação de risco, a equipe realiza busca imediata e atendimento via número 153.

Além da fiscalização, a Patrulha Maria da Penha realiza a recondução ao lar e retirada de pertences.

Da emergência ao acolhimento: como a Patrulha Maria da Penha salva mulheres
Agentes da Patrulha Maria da Penha monitoram chamadas e medidas protetivas pelo 153, garantindo atendimento ágil e eficiente às vítimas de violência doméstica (Foto: Marcos Maluf)

“Orientamos sobre troca de fechaduras, fazemos rondas no entorno e garantimos que a mulher possa retornar à sua casa com segurança. Muitas vezes, as vítimas saem de casa deixando filhos, documentos e roupas para trás. Retornamos com elas, recolhemos seus pertences e as levamos para a Casa da Mulher ou para um familiar. Quando o risco é elevado, podem ser encaminhadas para a Casa Abrigo, onde ficam por até seis meses com os filhos, recebendo alimentação, cursos e atendimento às crianças”, detalha a comandante.

Campo Grande é dividida em sete regiões e dois distritos atendidos pelas três equipes da patrulha. Cada equipe cobre uma ou duas regiões, dependendo da extensão territorial e do número de denúncias. O sistema de georreferenciamento garante que viaturas próximas cheguem em menos de três minutos, assegurando rapidez e eficiência no atendimento.

Estatística - Somente em 2025, Mato Grosso do Sul registrou 23 casos de feminicídio, sendo quatro deles em Campo Grande, segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). No âmbito da violência doméstica, o Estado contabilizou 12.873 ocorrências, das quais 4.663 foram em Campo Grande.

A distribuição mensal de vítimas mostra que março foi o período com maior número de registros: janeiro (2.101); fevereiro (1.888); março (2.299); abril (1.775); maio (1.862); junho (1.737); julho (1.705); e, até agora, agosto (682 casos).

Vale lembrar que agosto é o mês de conscientização sobre a violência contra a mulher. A campanha reforça a importância da denúncia, da proteção às vítimas e da valorização de iniciativas como a Patrulha Maria da Penha, que atua na prevenção e no acompanhamento das mulheres em situação de risco.

Reconhecimento nacional - O trabalho da Patrulha Maria da Penha será reconhecido nacionalmente no próximo dia 26, durante solenidade do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em Brasília, com a entrega do Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral, no qual a iniciativa conquistou o terceiro lugar na categoria Atores e Atrizes do Sistema de Justiça.

A premiação contempla seis categorias: tribunal, magistrados/magistradas, atores/atrizes do sistema de justiça criminal, organizações não governamentais, mídia e produção acadêmica e busca dar visibilidade a práticas transformadoras e estimular o compromisso contínuo do Judiciário com a proteção de mulheres e meninas.

Da emergência ao acolhimento: como a Patrulha Maria da Penha salva mulheres
Equipe da Patrulha Maria da Penha pronta para deslocamento, atuando na proteção e fiscalização das medidas protetivas (Foto: Marcos Maluf)

Viviane Vieira do Amaral, magistrada que dá nome ao prêmio, foi vítima de feminicídio cometido por seu ex-marido em 2020, no Rio de Janeiro. O episódio levou o CNJ a criar a premiação, homenageando sua memória e reconhecendo ações efetivas no enfrentamento à violência contra a mulher.

O trabalho da patrulha é resultado da parceria com o Projeto Patrulha, conduzido pelas promotoras de Justiça Luciana do Amaral Rabelo e Clarissa Carlotto Torres, que capacita mais de 1.000 guardas municipais em legislação, direitos humanos, protocolos de abordagem e acolhimento às vítimas.

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