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Capital

Decisão de vacinar professores não tem sentido, diz secretário estadual

Justiça determinou que prefeitura de Campo Grande imunize os 10 docentes da rede pública; administração municipal disse que pedirá ajuda ao Estado

Leandro Abreu | 17/06/2016 19:53
Secretário Nelson Tavares afirma que decisão não tem sentido do ponto de vista da saúde pública (Foto: Fernando Antunes)
Secretário Nelson Tavares afirma que decisão não tem sentido do ponto de vista da saúde pública (Foto: Fernando Antunes)

Para o secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, a decisão da Justiça que obriga a Prefeitura de Campo Grande a vacinar os 10 mil professores da rede pública da Capital não faz sentido e não tem fundamentação científica. A liminar é motivada por ação impetrada há 15 dias pela ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais de Educação Pública) e, caso não seja cumprida, a administração municipal será multada em R$ 1 mil por dia de descumprimento.

A prefeitura disse que precisará da ajuda do Governo para cumprir determinação. “É uma decisão da Justiça. Sobre o ponto de vista da saúde pública, ela não tem sentido. Eu não posso concordar com isso. Não está amparado em fundamentação cientifica nenhuma e diz que tenho que vacinar um grupo que não pertence ao grupo de risco”, afirmou Tavares.

Para conseguir novas doses da vacina contra a gripe provocada pelo vírus H1N1, a prefeitura afirmou que pedirá ajuda ao Governo do Estado, mas conforme o secretário estadual esse será quase impossível de ocorrer. “Hoje não existe vacina disponível. Teve a última remessa que veio na semana passada e o Ministério da Saúde foi muito claro que era a última. Até porque, se for pedir hoje, até comprar, produzir e distribuir a vacina, o inverno já acabou. Ai ficamos com um monte de vacina para o ano que vem e possivelmente vencidas. Vacina não é que nem pão, que quando precisa manda fazer”, explicou.

Sem ser notificado ainda sobre a decisão judicial e pela prefeitura de Campo Grande, o secretário afirma que caso seja determinado judicialmente terá que cumprir, mas usará os meios legais para tentar evitar. “Vamos tentar questionar a forma como isso foi colocado. Questionar nos meio legais, mas é extremamente constrangedor fazer uma coisa que é cientificamente absurda. Como eu vou defender que em uma sala de aula eu vacine o professor e não os alunos. Várias outras categorias também exigirão na Justiça o mesmo direito e não haverá possibilidade”.

Ainda de acordo com o secretário, há a possibilidade de incluir os professores na lista de vacinação, mas somente do ano que vem. “Se há uma procura dos sindicatos esse ano, propondo vacinar os professores no ano que vem e houver um grande debate, seria mais possível, pois faríamos a comunicação e solicitação ao Ministério da Saúde”, disse.

Gravidade – A maior parte das mortes por gripe A ocorreu por demora no início do tratamento, segundo o secretário. “O que evita as mortes das pessoas por gripe é somente a precocidade no tratamento. Cerca de 52% das mortes foram de pessoas que não procuraram o tratamento rápido
e o restante foi por outras comorbidades”, explicou.

Para melhorar essa situação tanto do lado médico, quanto dos pacientes, o Governo do Estado está capacitando trabalhadores da saúde e prepara para divulgar uma cartilha à população. “Temos quatro equipes capacitando os trabalhadores da saúde em todo Estado. Damos palestras e orientamos que casos de gripe e problemas respiratórios devem ser incluídos em urgência e emergência. Tem que tirar da fila qualquer pessoa com sintomas. Por outro lado, estamos finalizando uma cartilha para que as pessoas fiquem em alerta para qualquer tipo de sintoma respiratório”, concluiu.

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