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Capital

Demora, lotação, abandono; e ainda querem aumentar o preço do passe

Passageiros afirmam que melhorias já deveriam ter sido feitas pelo preço que pagam em vale transporte

Yarima Mecchi e Julia Kaifanny | 18/11/2016 12:18
Ônibus parados no Terminal General Osório; entre os usuários, muitas reclamações, enquanto empresas querem subir preço da tarifa (Foto: Alcides Neto)
Ônibus parados no Terminal General Osório; entre os usuários, muitas reclamações, enquanto empresas querem subir preço da tarifa (Foto: Alcides Neto)
Painel de informações não está funcionando. (Foto: Julia Kaifanny)
Painel de informações não está funcionando. (Foto: Julia Kaifanny)

Ônibus atrasados, lotados, que levam a terminais surrados, sem manutenção e infraestrutura adequada. Diante desta realidade, torna-se impossível encontrar usuários do transporte coletivo urbano de Campo Grande que concorde com a possibilidade de aumento no preço do passe, hoje em R$ 3,25.

Nas ruas, o pensamento de quem precisa do transporte coletivo urbano vai ao encontro do que disse ao Campo Grande News, na quinta-feira (17), o prefeito eleito, Marquinhos Trad (PSD). "O cara quando pensa em pegar um ônibus, ele já começa a ter dor de cabeça”, diz ele, complementando: cheio de problemas, o serviço está na lista dos piores oferecidos pelo Poder Público e não faz jus à mudança de preço.

Na manhã desta sexta-feira (18), a equipe de reportagem foi conferir o drama vivido diariamente por milhares de passageiros. Não foi difícil achar problema: só a espera pelo ônibus foi de 35 minutos.

Entramos o Terminal Morenão - região sul de Campo Grande - em um ônibus da linha 070 que faz o trajeto Terminal General Osório/Terminal Bandeirantes, seguimos para o Terminal General Osório - região norte.

O trajeto durou 38 minutos. Tivemos a sorte de pegar um veículo em bom estado, mas estava cheio, não tinha lugar para sentar, mesmo pagando o mesmo valor de quem senta.

Durante a viajem, a estudante Jéssica Soares disse que houve um atraso de 10 minutos no ônibus, o que fez com quem ela perdesse o próximo que pegaria até chegar na faculdade quando chegasse no outro terminal. “Recentemente diminuíram a quantidade de veículos da linha 070. Então agora, além de estar sempre cheio, a gente sofre com a demora”, descreve.

Usuária espera ônibus no Terminal General Osório. (Foto: Marina Pacheco)
Usuária espera ônibus no Terminal General Osório. (Foto: Marina Pacheco)

A estudante disse achar muito alta a previsão de aumento – a agência municipal que regula o setor opina em R$ 3,56, mas as empresas querem R$ 3,68, que é acima da inflação. Mas, diz a passageira, até seria válido caso fossem feitas mudanças na estrutura dos terminais e também melhorasse as condições dos carros.

“Você já entrou no banheiro? É horrível. Nos ônibus às vezes têm coisas quebradas, sujeira, é bem complicado”, continua a estudante.

No Terminal General Osório, a equipe constatou que o banheiro feminino estava pichado e com mal cheiro, o que dificulta o uso. A cozinheira Ana Lúcia Bernal, que estava no local, reclamou e achou um absurdo a hipótese de um aumento na tarifa.

“O transporte é péssimo, demora demais, na grande maioria está sempre lotado. Mesmo que melhore, a tarifa hoje já é muito alta, essas melhorias já deveriam ter sido feitas”, reforça.

Ana Lúcia conta que sempre pega o ônibus que faz a linha 081 - trajeto entre os terminais Bandeirantes/Nova Bahia - e é a que mais lhe causa problemas. Às vezes, diz ela, não dá para entrar porque está lotado. O único jeito é esperar o próximo.

"À noite, no bairro, um dos ônibus para de circular e os usuários precisam esperar mais de 40 minutos até que o único carro faça a volta, vá até o terminal e volte".

Terminal Morenão, em Campo Grande; longa espera é uma das reclamações (Foto: Julia Kaifanny)
Terminal Morenão, em Campo Grande; longa espera é uma das reclamações (Foto: Julia Kaifanny)

Segurança - Outra reclamação dos usuários é a falta de segurança nos terminais e no interior dos veículos. Durante 40 minutos que a reportagem esteve no General Osório, uma viatura da PM (Polícia Militar) passou pelo local. Nos outro terminal, enquanto a equipe permaneceu no local, nem a PM e nem a Guarda Municipal foram vistos.

Modernidade - A domestica Luida Doreto reclamou que os terminais não tem estrutura, que não parecem pertencer a uma capital e que acredita que tem que modernizar. Reclamou que quem não tem acesso a escala dos ônibus pelo celular e os painéis foram retirados.

"Deveria ter um painel de informações para que pudesse acompanhar o horário dos ônibus e melhoras nas estruturas".


A internet no terminal da região norte não estava funcionando, a equipe tentou conectar, mas não conseguiu.

Banheiro em terminal de ônibus da Capital; condições deixam a desejar (Foto: Julia Kaifanny)
Banheiro em terminal de ônibus da Capital; condições deixam a desejar (Foto: Julia Kaifanny)

Tarifa - Atualmente o preço para o ônibus comum é de R$3,25 e para os com ar-condicionado, considerados executivos, os passageiros precisam pagar R$3,95.

Conforme anunciado pelo conselho consultivo da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), na quarta-feira (16), a tarifa do transporte coletivo na Capital pode sofrer reajuste de até 9,5%, passando de R$ 3,25 para R$ 3,56. Já o Consórcio Guaicurus quer 13,2% de reajuste - subindo para R$ 3,68.

Representantes do consórcio foram procurados, pela reportagem, para comentar o assunto. Até o fechamento deste texto, nenhum posicionamento oficial foi dado a respeito.

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