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Capital

Dentro do maior presídio de MS, interno ordenava ação do PCC em Rondônia

Rafael Pimentel Duarte de Souza cumpria pena na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e chegou apontado como integrante da quadrilha responsável pela execução do agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça

Geisy Garnes | 24/06/2018 14:53
Fotos dos envolvidos na morte do agente divulgada pela Polícia Civil. Rafael é o terceiro (da esquerda para a direita) da primeira fileira (Foto: Divulgação)
Fotos dos envolvidos na morte do agente divulgada pela Polícia Civil. Rafael é o terceiro (da esquerda para a direita) da primeira fileira (Foto: Divulgação)

Mesmo dentro da maior penitenciária de Mato Grosso do Sul, Rafael Pimentel Duarte de Souza - apontado como o mandante da execução do agente penitenciário Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, em fevereiro de 2015 - comandava as ações do PCC (Primeiro Comando de Capital) até em Rondônia, a mais de 1.800 quilômetros de Campo Grande.

Rafael, conhecido como “Legião” ou “Revolucionário”, cumpre pena no PED (Penitenciária Estadual de Dourados) é um dos alvos da Operação Paiol do Mal, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) no dia 12 de julho.

Durante as investigações contra o setor responsável pela aquisição, guarda, comercialização e empréstimo de armas de fogo para crimes da facção, as equipes interceptaram ligações comprovando que “Revolucionário” comandava operações do PCC dentro e fora dos presídios do Estado do norte do país, mesmo estando preso em Dourados.

As gravações aconteceram durante os meses de setembro e outubro do ano passado. Segundo relatório do Gaeco, por telefone, o interno participa de batismos e até trata de assuntos estratégicos visando a expansão de ações defensivas na disputa de “território” contra outras facções rivais.

Em um dos áudio, “Revolucionário” conversa o “Geral do Cadastro dos Estados e Países” sobre o panorama das unidades prisionais de Rondônia. Segundo ele, são 24 penitenciárias no estado, onze delas com integrantes do PCC.

Para o Gaeco, Rafael possui “intensa participação, conhecimento, poder e trânsito de dentro do PCC (Primeiro Comando da Capital)”. As ligações flagram ainda o batismo de um ex-soldado do exército de Rondônia, que havia sido preso quando servia por tentar roubar um fuzil e também a discussão sobre a transferência de um preso de Goiás para o estado.

Por telefone, Rafael chega a participar de uma conferência para o “acolhimento” de um ex-integrante do Comando Vermelho, que teria traído a facção ao entregar um plano de assassinato coletivo contra integrantes do PCC dentro da Casa de Detenção José Mário Alves da Silva, conhecida como Urso Branco.

Na conferência, líderes de vários estados participam, entre eles outro nome conhecido em Mato Grosso do Sul, o de Antônio Marcos dos Anjos, 29 anos, conhecido como “Daleste”. Na época, o suspeito também cumpria pena na PED e aparece tentando interferir na situação a favor do ex-integrante do CV.

No relatório, os investigadores afirmam que “notadamente”, mesmo preso Rafael age no tráfico de drogas e armas, em roubos e também tem envolvimento no controle de finanças da organização criminosa Orcrim, parceira do PCC no norte do país.

Facas artesanais apreendidas durante vistoria na PED no dia da transferência de Daleste (Foto: Divulgação)
Facas artesanais apreendidas durante vistoria na PED no dia da transferência de Daleste (Foto: Divulgação)

Daleste - Apesar de não aparecer como alvo na operação, o nome de Daleste aparece em várias ligações com “Revolucionário”.

Em abril deste ano, a transferência de Daleste e outros cinco líderes da facção causaram princípio de motim na PED e em outros quatro presídios do Estado. Na tentativa de impedir a retirada das lideranças, os presos usaram facas artesanais e pedras de concreto - retiradas das camas da unidade - para bloquear o acesso a celas

Antônio Marcos ainda seria um dos autores do “salva-geral” do PCC em MS, ordenando que os integrantes praticassem atentados contra agentes da segurança pública do Estado e que intensificassem ações de tráfico de drogas e roubos, para 'abastecer' a facção. O episódio resultou em uma operação do Gaeco em abril do ano passado.

Paiol – A operação Paiol cumpriu 27 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão. A ação foi realizada em parceria com o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar. O nome da operação faz alusão à nomenclatura utilizada pelo PCC para o setor de armas.

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