Depois de anos em barracos, famílias são despejadas da beira do Anhanduí
Eles disseram que vendem copos e balas a motoristas que param no semáforo e é disso que tiram o sustento
Famílias que ocupavam há alguns anos barracos construídos às margens do Rio Anhanduí, no cruzamento das avenidas Ernesto Geisel e Manoel da Costa Lima, foram despejados hoje, pela prefeitura. O grupo continua no local e diz que não sai, porque também é onde trabalha.
Lamentando a situação, eles disseram que vendem copos e balas a motoristas que param no semáforo e é disso que tiram o sustento. Afirmam também que não vão sair de lá.
Aurélio Assis Ferreira, 53 anos, diz que mora por lá há 15 anos. "Arrancaram nosso barraco, não avisaram que iam vir. Vieram com trator, pá carregadeira", contou. Ele faz copos para vender.
Há oito anos lá, Dhionnys Farias, 43, afirma que ele foi tratado como se fosse "a escória do mundo" e também disse que vai continuar por lá, porque não tem para onde ir. "Eles chegaram às 6 horas da manhã, na hora que a gente tá acordando para trabalhar no sinal aqui", reclamou.
Vânia Regina Gonzales , 42 anos, vende doces no semáforo e disse que ficou só com a roupa do corpo. Ela está lá há 10 anos. Quem também perdeu o barraco foi Rodslene Santos de Barros, de 36 anos, e o marido. "Eles só falaram pra gente pegar o que achava importante, porque eles iam derrubar os barracos. A gente não rouba, a gente trabalha aqui", disse.
A prefeitura informou que a ação faz parte do Seas (Serviço Especializado de Abordagem Social), que consiste em busca ativa e abordagem social nas ruas, ofertando os serviços do Centro Pop durante o dia e do Centro de Triagem do Migrante (Cetremi) durante a noite, que é uma casa de acolhimento, onde são ofertados pernoite, alimentação e higiene pessoal.
Segundo a prefeitura, muitos moradores de rua são usuários de álcool e outras drogas e negam atendimento, porque sabem que sendo encaminhados ao Centro Pop, irão ficar sem os entorpecentes.