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Capital

Diante de ultimato para deixar área, famílias se desesperam no Montevideu

Na tarde desta quarta-feira (18), casas, construídas em área invadida, começaram a ser derrubadas. Quem estava em casa recebeu notificação para desocupar o imóvel. A preocupação é para onde ir.

Christiane Reis e Adriano Fernandes | 18/01/2017 18:26
Casas começaram a ser derrubadas na tarde desta quarta-feira. (Foto: Alcides Neto)
Casas começaram a ser derrubadas na tarde desta quarta-feira. (Foto: Alcides Neto)

Aos prantos. Assim a desempregada, Márcia Luzia de Oliveira, 50 anos, que divide a casa de uma peça com sete filhos, falou com o Campo Grande News, na tarde desta quarta-feira (18), enquanto via as casas de vizinhos serem derrubadas por equipes da Prefeitura de Campo Grande. A família dela é uma das 60 que invadiu área pública e construiu casa para morar, isso há quase seis meses. Na tarde de hoje as moradias começaram a ser derrubadas.

A área invadida é pública e está localizada na Rua Ponônia, entre as ruas Clark, Manduba e Charin. Sem saber dar nome certo para o que sentia, relatou a dor de presenciar a derrubada. “Não sei o que dizer. É muito triste você ver a casa da pessoa trabalhadora, que demorou tanto para construir sendo derrubada desse jeito”, disse. Ela divide a casa de uma peça, com média de 20 m², com os filhos, que têm 22, 20 15, 14, 13, 6 e 4 anos de idade. “Consegui construir juntando dinheiro de bicos de faço”, disse.

O pintor, Valdir Antônio Nuyção, 50 anos, também construiu casa de um cômodo, na quadra da Rua Manduba e gastou R$ 3 mil. “Eu vendo eletrodoméstico, como TV e geladeira para construir. Só estou porque preciso e não tenho condições de morar de aluguel”. Ele não tem para onde ir.

Moacir Gonçalves dicou desolado ao receber a notificação. (Foto: Alcides Neto)
Moacir Gonçalves dicou desolado ao receber a notificação. (Foto: Alcides Neto)
Família de Márcia presenciou a derrubada. (Foto: Alcides Neto)
Família de Márcia presenciou a derrubada. (Foto: Alcides Neto)

Coletando materiais recicláveis, Moacir Gonçalves, 55 anos, construiu o barraco próximo à Rua Charin e foi um dos primeiros a a receber a notificação. Ele contou que veio de São Paulo em meados do ano passado e sem ter onde morar foi para baixo de um viaduto, na rodovia, próximo à área invadida. “Eu não tenho condições nem de comprar o material, construí com material reciclável”, contou. Além dele mais três amigos moram no barraco.

“É muito triste ver tudo ser derrubado. As pessoas estão aqui porque não têm para onde ir”, disse a também catador de materiais recicláveis.

O caso – A derrubada das casas começou na tarde de hoje e estavam sendo foco da ação os imóveis cujos moradores não estavam. Os que estavam presentes receberam notificação para desocupar em cinco dias.

Por meio de nota, a prefeitura informou que uma força-tarefa foi formada para coibir invasões e que os casos serão tratados de forma enérgica.

Segundo o diretor-presidente da Emha, Enéas José de Carvalho Netto, pelo menos cinco investidas em pontos diferentes da Capital foram coibidas em apenas 17 dias de gestão à frente da autarquia. “Nós entendemos que a invasão é um retrocesso, pois desrespeita o direito do cidadão inscrito de maneira legal e correta na Emha. Sabemos que existem pessoas que precisam de uma unidade habitacional e se sujeitam a passar por essa situação. Entretanto, não podemos ser coniventes com a ilegalidade”, reiterou.

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