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Capital

'Dono de presídio', PCC faz festa com direito a bebida e selfies na Máxima

Presos membros de facção criminosa reforçam com bebida, selfie e cantoria o que os agentes penitenciários denunciam: atrás das grades, eles têm o controle

Viviane Oliveira | 02/09/2016 10:45
Uma das imagens da festa que percorreu as redes sociais.
Uma das imagens da festa que percorreu as redes sociais.

Vistos pelos próprios agentes penitenciários como "donos do presídio", detentos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) fizeram festa no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande para celebrar o aniversário da facção criminosa, que completou 23 anos de fundação na quarta-feira (31). Eles divulgaram fotos e áudios da comemoração em grupos de WhatsApp.

Nas imagens e nos áudios, os presos aparecem consumindo bebidas alcoólicas, dançam ao som de "Baile de Favela" e gritam cantos de guerra fazendo referência ao slogan 15.3.3, código que significa PCC, formado respectivamente pela 15ª e 3ª letras do alfabeto.

De bonés e roupas de lazer, os internos posam para fotografias e nem parecem que estão em uma penitenciária de segurança máxima. Há 23 anos, a organização criminosa foi fundada em 31 de agosto e atualmente também está presente em penitenciárias da Bolívia e do Paraguai.

Em uma das selfies aparece o detento Alexandre Barreto de Castro, que cumpre pena por participação no latrocínio do policial militar Ronny Maycon Veroni. “Eles desafiam as autoridades, que insistem em minimizar o controle da cadeia pela facção”, diz um servidor, que pede para não ser identificado. “Os internos são controlados só quando a tropa de Choque entra nos presídios”, acrescenta. 

Alexandre, de boné branco e camiseta azul, cumpre pena por participação no latrocínio do policial.
Alexandre, de boné branco e camiseta azul, cumpre pena por participação no latrocínio do policial.
Com bonés e roupas de lazer, presos posam tranquilamente para fotos.
Com bonés e roupas de lazer, presos posam tranquilamente para fotos.

Para o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores Estaduais da Administração Penitenciária), André Luiz Garcia Santiago, a situação é absurda, inadmissível e mostra a decadência do sistema prisional. “O Estado, que é responsável pela punição, não consegue inibir nem a comemoração do PCC, diz.

Segundo o sindicalista, os presos têm de tudo no presídio e o sistema não investe em segurança pública para inibir as regalias deles. "Eles têm internet e comandam crimes de dentro da cadeia. Esse preso que matou o policial se divertindo na penitenciária e ainda postando foto é uma humilhação para os servidores da segurança pública”, lamenta. Segundo ele, são 900 presos para um agente penitenciário de plantão.

Além das festas em comemoração a facção, tudo indica que o atentado ao agente penitenciário Enderson Antônio Bogas Severi, 34, ocorrido por volta de 7h do dia 31 em Naviraí, faz parte de uma mobilização criminosa, chamada “salve geral”, também em comemoração ao aniversário do PCC.

O diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa, confirmou que no dia 31 os presos comemoraram o aniversário da facção. Quanto ao vídeo e o áudio, o diretor diz que precisa fazer uma analise para saber se foi feito de dentro da Máxima.

"Eles fizeram comemoração no país inteiro, teve Estado que teve até bolo. Não tem como coibir a festa em um presidio com 2.400 internos. Quanto a bebida artesanal, eles fazem com resto de comida", diz o diretor da agência.

Escute um dos áudios. 

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