Em áreas invadidas, há casas prontas e barracas para marcar terrenos
Quase duas semanas após as invasões de famílias em duas áreas de Campo Grande, nos bairro Los Angeles e Jardim Centro-Oeste, a situação nos locais diferem entre si. No primeiro, a construção das casas está avançada e os moradores e entraram com pedido de compra da área. Já no segundo local, pessoas dormem em barracas para não perderem os terrenos demarcados.
A área particular de quase 18 hectares, localizada no bairro Los Angeles, onde funcionava o Samambaia Country Club foi invadida há 15 dias. No local, 318 famílias estão construindo casas e em duas semanas, 65 já estão quase prontas, faltando apenas colocar telhas.
Conforme o gesseiro Aldevir Ribeiro, 35 anos, líder dos moradores, foi dada entrada em um processo para pedir a posse da área para regularizar a situação de quem está no local. “Queremos pagar tudo que é certo. São 192 famílias na parte de cima e 136 na de baixo, com 95 casas em construção. Estamos avançados, com 30 na parte de construção do alicerce e outras 65 só faltam telhar”, afirmou.
O pedreiro Derlei Solito, 49 anos, disse que os ocupantes estão ajudando aqueles que não tem condições de comprar os materiais de construção necessário. “Quem tem condição de construir a própria casa faz por si próprio, e quem não tem estamos angariando dinheiro. Todo mundo se ajuda”.
Jardim Centro Oeste - Buscando fugir do aluguel, 280 famílias ocupam área na região do Jardim Centro Oeste. Do total, 146 estão em uma área verde do município e as outras 134 em espaço onde seriam construídos residenciais da construtora Homex.
A situação não é tão organizada e avançada como na área do bairro Los Angeles. Os terrenos divididos estão com placas que mostram o nome de cada dono da marcação, mas os moradores não arriscam deixar o espaço com medo de serem substituídos.
“Estamos cuidando do barraco em revezamento 24 horas por dia, porque se sair de lá tem o risco de perder e alguém entrar no nosso lugar”, contou o Calheiro Gleisson Ribeiro, 22 anos, que pretende morar no local com a família de três pessoas.
Conforme Maicon Bogarin Cardoso, 35 anos, serviços gerais, uma equipe da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) conversou com algumas famílias que estavam no terreno de área verde. “Vão tentar resolver essa situação, mas para quem estiver na parte da Homex não vão fazer nada”, afirmou.
Posicionamento da Prefeitura - Procurada para comentar sobre as duas invasões, a Prefeitura de Campo Grande respondeu em nota que invasão de terreno, seja público ou particular, é ilegal e configura crime, e que o município tem o dever de contrapor posturas ilegais e ficará do lado da lei.
O texto continua alegando que ocupante irregular é notificado pelo fiscal para desocupar a área e, caso se negue a sair, são adotadas medidas judiciais cabíveis de reintegração de posse. Estas pessoas também ficam, segundo a lei, impossibilitadas de serem contempladas nos sorteios.