Em caráter emergencial, transporte coletivo ainda circula na cidade
Ônibus foram mantidos para atender profissionais da saúde e, hoje, esquema especial será montado
Campo Grande, 7h. Em um horário que a cidade deveria estar acordando, mesmo para um sábado, a movimentação tem cara de feriado. Na região central, poucas pessoas na rua, a maioria, funcionários de farmácias e mercados, a caminho do trabalho. Ônibus do transporte coletivo circulavam pela cidade, em esquema emergencial que deve ser mantido apenas para profissionais da saúde.
A suspensão do transporte coletivo foi determinada ontem, conforme anúncio do prefeito Marquinhos Trad. Inicialmente, seria geral, mantendo-se efetivo de plantão na garagem, saindo apenas para atender doentes. A medida radical é para evitar a circulação de pessoas, que não tenham necessidade de sair, contendo a proliferaçao do novo coronavírus (Covid-19).
O presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, disse que reunião no fim da tarde de ontem, entre consórcio e Agetran (Agência Municipal de Trânsito), definiu a manutenção de ônibus em horário especial, com efetivo abaixo da escala de domingo. "Hoje, emergencialmente, colocamos ônibus na rua para atender pessoas que trabalham em clínica e hospitais".
Ainda neste sábado haverá nova reunião para definir rotas específicas, provavelmente, saindo do terminal direto para hospitais e clínicas que estarão em funcionamento.
Pelo decreto empresas e entidades que prestam serviços essenciais, como farmácias, conveniências e restaurantes deveriam providenciar o transporte dos funcionários. O translado pelas concessionárias deverá obedecer quantitativo mínimo, para situações emergenciais. Nas garagens das empresas do transporte coletivo, os pátios estavam lotados.
Cenário - “Parece até filme de apocalipse”, comparou a doméstica Alzilei Mendes, 52 anos. Ela mora no Marcos Roberto e conseguiu usar o transporte coletivo para chegar na casa onde trabalha, mas foi dispensada até dia 6 de abril.
Aproveitou que estava na rua, foi ao mercado. Antes das 7h, sentou-se em um banco, aguardando a abertura de farmácia, no cruzamento da Avenida Afonso Pena com Rua 14 de Julho, para tentar comprar máscara e álcool em gel, itens que desapareceram das prateleiras nas últimas semanas. “Deus ajude que melhore, não sei o que vai ser de nós”.
A estagiária de técnica de enfermagem, Beatriz Silva, tinha acabado de descer do ônibus e estava a caminho do trabalho, uma clínica particular de exames. Ela contou que logo que entrou no coletivo, o motorista avisou que era preferencialmente para trabalhadores da área da saúde. “Está muito mais vazio que o normal”.
Logo que a pandemia eclodiu, Beatriz disse que ficou com medo, mas por conta da possível paralisação dos serviços e como isso atingiria o sistema de saúde. “As pessoas precisam da gente”. O temor também é por conta da avó de 63 anos e da filha, de 2 anos e 4 meses. Hoje é último dia de trabalho, já que a clínica em que trabalha entrará em quarentena.