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Capital

Em tarde de adesivagem, entregadores de aplicativo convocam paralisação

Trabalhadores pedem melhorias, menos regras e mais direitos; entre reclamações está aumento de corridas para uns e baixa de outros

Liniker Ribeiro e Clayton Neves | 24/06/2020 16:00
Trabalhadores em tarde de adesivagem no Centro da Capital; assembleia combina detalhes de paralisação prevista para 1º de julho (Foto: Paulo Francis)
Trabalhadores em tarde de adesivagem no Centro da Capital; assembleia combina detalhes de paralisação prevista para 1º de julho (Foto: Paulo Francis)

Grupo de motociclistas que trabalha com entregas de aplicativos realizam, na tarde desta quarta-feira (24), adesivagem de veículos, no Centro de Campo Grande, convocando trabalhadores da área para paralisação nacional no próximo dia 1ºde julho. Os motoentregadores pedem melhorias de trabalho, além de flexibilização de regras e melhor comunicação com as empresas.

A ação desta tarde está sendo realizada no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua Padre João Crippa, em frente à Praça do Rádio Clube. Detalhes de como será a paralisação aqui na Capital estão sendo discutidos em assembleia.

De acordo com o motoentregador Fernando de Sá, de 25 anos, um dos representantes da classe, em Campo Grande, atualmente 2 mil pessoas atuam na área, na cidade, atendendo demandas de pelo menos 10 diferentes plataformas. O pedido dos trabalhadores é para que as empresas garantam melhorias aos motociclistas cadastrados.

Fernando de Sá, um dos representantes da classe, durante ação nesta quarta-feira (Foto: Paulo Francis)
Fernando de Sá, um dos representantes da classe, durante ação nesta quarta-feira (Foto: Paulo Francis)

“A gente deixa a família em casa para ir buscar o pão de cada dia, mas as empresas de aplicativo não ajudam a gente em nada. São muitas regras que nos prejudicam”, explica. Entre as reclamações, está o fato de não recebimento em casos de cancelamento das viagens por parte do cliente. “Não ganhamos pelo deslocamento”.

Os trabalhadores também reclamam de um novo método utilizado pelas empresas, que tenta recompensar motociclistas que mais fazem corridas, com novas chamadas. “Aquele que tem maior número de corridas feitas, tem prioridade no momento em que as corridas são direcionadas, assim, muitos ficam bloqueados por muito tempo”, reclama.

“Fora que a gente não tem como recorrer, onde protocolar reclamação ou mesmo se defender em determinadas situações, não tem um canal de comunicação com o aplicativo”, complementa Fernando.

Situação que Angelita Araújo da Silva, de 36 anos, conhece muito bem. Trabalhando a 1 ano e 8 meses para aplicativos, a motociclista trabalha longas horas do dia, mas viu suas corridas diminuírem, recentemente.

 “Começo às 10h e vou direto, sem almoço, até às 19h, 20h”. Antes eu fazia cerca de 25 corridas no dia, atualmente não pego nem 10 direito”, explica. Com isso, os rendimentos da trabalhadores caíram. “Antes eu tirava cerca de R$ 2 mil, agora consigo R$ 1,2 mil estourando”, relata.

O não auxílio com manutenção das motos também tem incomodado os motoristas. “Desgaste do pneu, troca de óleo, da transmissão, tudo sai do nosso bolso”, comenta.

Carlos Roberto Garcia Júnior, de 40 anos, tem pelo menos 20 anos de experiência na profissão. Atualmente, a única renda em casa é a dele, mas os gastos cresceram. “Os aplicativos são desleais com entregadores. As exigências acabam sendo equivalentes ao regime CLT, mas não temos direito nenhum. Por mês consigo fazer R$ 2 mil bruto, mas daí você tira taxa de depósito, que o aplicativo cobra para tirar dinheiro na hora, além da manutenção da moto”, finalizou.

Motoentregadores andaram com adesivos em console informando da paralisação (Foto: Paulo Francis)
Motoentregadores andaram com adesivos em console informando da paralisação (Foto: Paulo Francis)


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