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Capital

Energisa constata 'gatos' e deixa 300 pessoas de área invadida no escuro

Com apoio da Guarda Municipal, concessionária de energia inicia retirada de toda rede de energia instalada clandestinamente.

Anahi Gurgel e Adriano Fernandes | 03/04/2017 17:33
Na tarde desta segunda (03), equipes da Energisa iniciaram retirada de fiação elétrica de área invadida em Campo Grande. (Foto: Adriano Fernandes)
Na tarde desta segunda (03), equipes da Energisa iniciaram retirada de fiação elétrica de área invadida em Campo Grande. (Foto: Adriano Fernandes)

Com total de 11 equipes e 22 funcionários, a Energisa iniciou, na tarde desta segunda-feira (3), a retirada da fiação de energia da área invadida ao lado dos condomínios da Homex, no Jardim Centro Oeste, região sul de Campo Grande.

A ação, que conta com apoio da Guarda Municipal e deve ser finalizada na terça-feira (4), pretende dar fim às ligações clandestinas detectadas desde a invasão da área, em dezembro de 2016.

De acordo com Paulo Roberto Santos, gerente de combate às perdas da Energisa, desde o ano passado a área invadida vem sendo monitorada pela concessionária.

"Ontem recebemos uma denúncia anônima de que dois homens estariam vendendo ligações clandestinas na área ocupada. Por conta disso, hoje, mobilizamos essas equipes para retirar a ligação", explica.

Desde quando a construção dos condomínios da empresa mexicana Homex começou, em 2012, a Energisa realizou a instalação da rede elétrica no local. Mas com a ocupação, as pessoas começaram a fazer ligações clandestinas na área, que possui 2 mil metros por 600 metros.

"Foi necessário retirar toda a fiação e equipamentos para evitar os 'gatos'. Além disso, constatamos que houve roubo de transformadores, cabos e chaves de força", afirma.

"Compramos a fiação, instalamos tudo para nossa sobrevivência, mas agora não sei o que fazer. Estamos sem água, sem saneamento básico, e agora sem luz", conta a dona de casa Adriana Figueiredo Pereira, 38, que mora com esposo e 3 filhos.

Atualmente, cerca de 300 pessoas residem no loteamento invadido. 

Ezequiel Vicente, motorista de 44 anos, conta que já esta na área há 5 meses e até construiu uma casa de alvenaria. “Além da falta de energia e de água, agora estamos sem iluminação pública. Mesmo assim, com luz ou sem luz, ficaremos aqui”, disse Ezequiel, que mora com a esposa e mais dois filhos.

Jussara Perassa Pereira, desempregada de 37 anos, mora desde o início do ano em um barraco de lona e madeira com 1 cômodo, onde também tinha uma ligação de energia clandestina.

“A Prefeitura disse para ligar a energia precisa de documento que ateste a posse do terreno, que custa cerca de R$ 400, dinheiro que eu não tenho. Fica difícil porque os dois poços da área só funcionam com energia. Vaiu piorar muito nesse sentido também", ressalta.

Ação, conta com apoio da Guarda Municipal, e acontece de forma pacífica.

Equipes da Energisa retiram fiação elétrica de área invadida na região sul. (Foto: Direto das Ruas)
Equipes da Energisa retiram fiação elétrica de área invadida na região sul. (Foto: Direto das Ruas)
Caminhão da Energisa com fiação e equipamentos retirados de área invadida. (Foto: Adriano Fernandes)
Caminhão da Energisa com fiação e equipamentos retirados de área invadida. (Foto: Adriano Fernandes)

Invasão - A área invadida nos Jardim Centro-Oeste fica ao lado das obras do empreendimento Varandas do Campo, a ser executado pela construtora mexicana Homex, ainda no ano de 2012.

No entanto, a empresa não cumpriu diversos acordos com a Caixa Econômica Federal, declarou falência e “saiu de campo” sem entregar grande parte das três mil casas da unidade.

Por consequência, a Caixa assumiu o empreendimento em agosto de 2013 e acionou o seguro da construção de 270 imóveis do loteamento, que já haviam sido vendidas por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Porém, a área que fica ao lado do empreendimento pertence à massa falida da Homex, conforme explicou ao Campo Grande News o diretor-presidente Eneas José de Carvalho, da Emha (Agência Municipal de Habitação).

"Área particular da falida Homex, então a Prefeitura não tem autonomia para tomar uma providência sobre o local. A presença da Guarda Municipal foi solicitada para dar suporte à uma ação diante da irregularidade das ligações", frisa. 

"No início do ano, houve mesmo na área da Prefeitura, algumas pessoas que estavam montando barraco, mas depois de notificações, elas se retiraram de lá", lembra o secretário. 

Fiação elétrica clandestina retirada por equipes da Energisa. (Foto: Direto das Ruas)
Fiação elétrica clandestina retirada por equipes da Energisa. (Foto: Direto das Ruas)
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