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Capital

Enfermeira de setor onde 3 morreram diz que manipulava medicamentos

Alan Diógenes | 07/08/2014 20:10
Geovana deixou a delegacia sem falar com a imprensa, acompanhada do advogado. (Foto: Marcelo Victor).
Geovana deixou a delegacia sem falar com a imprensa, acompanhada do advogado. (Foto: Marcelo Victor).

A enfermeira chefe do setor de oncologia da Santa Casa, onde três mulheres que faziam quimioterapia morreram no mês passado, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (7), na 1ª Delegacia de Polícia, em Campo Grande, durante quatro horas. Giovana de Carvalho Penteado afirmou que manipulava com frequência os medicamentos usados no tratamento das vítimas.

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Ana Cláudia Medina, Giovana foi contratada pelos médicos Henrique Guesser Ascenço e José Maria Ascenço para trabalhar no setor terceirizado, onde atua há sete anos. Foi durante esse período que ela aprendeu fazer a manipulação dos medicamentos. “Ela conhece bastante o setor e inclusive os medicamentos utilizados no tratamento de quimioterapia”, destacou.

Conforme a delegada, no mês que as vítimas começaram a apresentar reações adversas ao tratamento, a enfermeira poucas vezes tinha auxiliado o recém contratado farmacêutico Raphael Castro na manipulação dos medicamentos. O farmacêutico será ouvido na próxima terça-feira (12). “O depoimento dele pode ser crucial, por que na semana em que as vítimas morreram, foi ele que manipulou a maior parte dos medicamentos”, mencionou Ana Cláudia.

Questionada se era permitido um profissional de enfermagem fazer a manipulação de medicamentos, Giovana disse, em depoimento, que o Conselho Regional de Farmácia proíbe tal ato, mas o Conselho Regional de Enfermagem permite. Levando em conta o fato, ninguém havia a proibido de fazer a manipulação.

A delegada falou que a enfermeira afirmou que, assim que ficou sabendo que as vítimas estavam tendo reações negativas ao tratamento, ela rapidamente informou a situação aos superiores, e o medicamento foi suspendido. Todos os envolvidos ouvidos até o momento acreditam que as mortes aconteceram devido à marca do medicamento e não por falha humana.

O depoimento da enfermeira serviu para a delegada traçar os papéis que cada um dos envolvidos desenvolveu durante o tratamento das vítimas. “A Giovana nos deu detalhes da rotina no setor, detalhes de como e quando surgiram os sintomas nas vítimas. Isso serviu para nós traçarmos qual é o envolvimento de cada um no caso”, salientou.

A delegada voltou a mencionar também que há falhas nos registros de pacientes e na metodologia do trabalho desenvolvido dentro do setor de oncologia. Por isso o inquérito que se enceraria no dia 20 deste mês, pode ser prorrogado por mais 30 dias. “Cada oitiva que acontece aparecem novos aspectos importantes para a conclusão do inquérito. Cada envolvido dá detalhes que nos levam até outras pessoas, que também precisam ser ouvidas”, finalizou.

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