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Capital

Esquartejado entregou comparsas em processos por roubo e tráfico

Fernando Nascimento dos Santos, 22 anos, havia saído da cadeia há cerca de dois meses

Luana Rodrigues | 18/08/2017 15:39
Fernando Nascimento dos Santos, 22 anos, em vídeo que circula pela internet. (Foto: Reprodução)
Fernando Nascimento dos Santos, 22 anos, em vídeo que circula pela internet. (Foto: Reprodução)

Encontrado esquartejado na última quarta-feira (15), Fernando Nascimento dos Santos, 22 anos, havia saído da cadeia há cerca de dois meses. Ele foi preso em duas situações, por tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de formação de quadrilha, e nos dois casos entregou a participação dos comparsas nos crimes.

O primeiro caso teria sido em janeiro de 2016, quando o jovem e outros outros oito comparsas foram denunciados por integrar uma associação criminosa, com o objetivo de cometerem reiterados crimes de roubos de veículos, com uso de extrema violência e arma de fogo e em conjunto com os adolescentes.

Em interrogatório judicial, o jovem contou que foi preso em Camapuã, quando transportava uma caminhonete Chevrolet S-10 produto de roubo/furto, mas negou ser participante da organização criminosa investigada pela polícia, denunciada no processo, o PCC (Primeiro Comado da Capital), e acabou entregando o nome de alguns envolvidos no crime. Por falta de provas do envolvimento dele na organização, o juiz decidiu absolvê-lo.

Já em abril deste ano, Santos acabou detido novamente, com outros cinco comparsas, depois de serem flagrados transportando 275 quilos de maconha. Ele contou que foi contratado por R$ 6 mil para o transporte e que tinha dois batedores. O rapaz entregou o nome dos comparsas, que foram condenados por tráfico de drogas.

Para o delegado responsável pelo caso, Jairo Mendes, titular da Delegacia de Polícia Civil, responsável por investigar a morte de Fernando, as denúncias feitas pela vítima podem ter relação com o crime. "Quando ocorreu a prisão ele denunciou outros traficantes, ou seja, pode ser algum tipo de represália", diz.

Para o delegado, não há dúvidas de que há uma guerra declarada entre facções em Mato Grosso do Sul - que está cada dia mais sangrenta. As frequentes batalhas por território dão origem a crimes bárbaros como o esquartejamento gravado do jovem. Segundo as autoridades policiais, por se tratarem de conflitos com grande número de envolvidos, direta ou indiretamente, dificultam a investigação e, consequente, prisão dos autores.

"É crime organizado e está bem complicado de se investigar. Existe uma sociedade criminosa inserida dentro da sociedade como um todo e essa sociedade criminosa está em conflito, por isso, estão ocorrendo esses crimes. Estamos enfrentando um pouco de dificuldade em virtude desse teatro criminal que envolve muito atores", explica o delegado Jairo Mendes.

O delegado afirma que já ouviu familiares da vítima e tem feito pesquisa sobre antecedentes, além da análise de vídeos que estão circulando na internet com imagens da execução, mas até agora não tem nenhum suspeito de ter cometido o crime. "A polícia tem obrigação e nós estamos trabalhando para restabelecer a ordem e esclarecer os fatos, mas, pelo vídeo, ficou claro que é guerra entre facções", diz.

Esquartejado - Fernando Nascimento dos Santos foi encontrado esquartejado na rua Engenheiro Paulo Frontim, 150 metros do anel viário, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande.

O jovem é morador de Nova Alvorada do Sul e foi identificado pela família, depois que fotos do corpo esquartejado vazaram na internet.

Segundo informações apuradas pelo Campo Grande News, teria vindo à Campo Grande a procura de trabalho. No Facebook, amigos escreveram que haviam conversado com o rapaz ontem.

Em vídeo com pouco mais de 15 segundos, que circula pela internet, o mesmo jovem aparece sentado em uma cadeira, aparentemente dopado, e diz: "Peço desculpa a todo o Primeiro Comando da Capital, que eu conheci o verdadeiro crime agora, não igual aqueles lixo lá. Tamo junto, agora com o 1533" (sic).

O número 1533, de acordo com a ordem em que as lestras aparecem no alfabeto, significa PCC, o que leva a suspeita de envolvimento da facção na morte do rapaz.

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