Estacionar na Expogrande custa R$ 50,00 e até na rua valor é inflacionado
Pagar estacionamento privado para ir à Expogrande este ano pode custar até R$50,00. Mas nem quem deixa o carro na rua, em local público, fica livre desse custo extra. Sob os cuidados dos flanelinhas, o gasto é de até R$ 20,00.
Cones com faixas de sinalização estão colocados próximos as calçadas ao redor do Parque de Exposições Laucídio Coelho. Na rua Américo Carlos da Costa, dois homens dividem o espaço para cuidar dos carros. “Quem é mais velho tem preferência para escolher o local onde vai trabalhar”, explicou Evaldo dos Reis.
O rapaz trabalha a quatro anos nos arredores do parque de exposições, e informou que deixa que cada motorista dê o valor que acha justo. “Eu não cobro, eu pego o que a pessoa quer dar. Se não der, o carro vai estar do mesmo jeito. Não obrigo ninguém, aqui se quiser dar dinheiro é de bom coração”, disse, ressaltando que esse foi o modo que encontrou para ganhar a vida. Segundo Evaldo, em uma noite ele chega a cuidar de até 20 carros.
No quarteirão de baixo, em frente do estacionamento oficial da exposição, um senhor identificado apenas como Antônio trabalha há oito anos como flanelinha. “Quando foram dividir as áreas onde cada um ia ficar deu briga, ai chamei esse rapaz aí de cima para ficar comigo. Teve ano que trabalhei dentro da Expo e ele ficou cuidando sozinho de toda a área”, comentou sobre Evaldo.
Antônio contesta o parceiro e admite que cobra R$ 20,00 de cada motorista, e que em noites de bom movimento chega a cuidar de 100 carros. Para ele, o trabalho é uma opção para quem não quer pagar o preço do estacionamento oficial. “Isso que a gente quebra os carros se a pessoa não paga é lenda. Hoje em dia tudo é filmado e visto, a segurança é enorme. Trabalhando honestamente esse trabalho contribui para o motorista”.
Enquanto conversava com a equipe do Campo Grande News, um adolescente chegou pedindo alguns cones para marcar uma área em outra rua. “Não tenho mais, só esses aqui que estou usando. Pede para o rapaz que fica ali, fala que fui eu que mandei”, respondeu Antônio, mostrando um pouco sobre como funciona o esquema.
Questionado sobre a divisão onde cada flanelinha pode trabalhar, ele confirmou que os mais velhos tem preferência, mas que pessoas que trabalham com comercio de alimentos e bebidas ao redor do recinto também cuidam de carro. “As pessoas têm essa ideia de que flanelinha é ladrão, drogado. Aqui tem gente que vende lanche e aproveita para cuidar carro também. Isso acabou virando um modo de complementar a renda”, explicou.
Antônio garantiu que nunca teve nenhum tipo de problema com a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e com a Polícia Militar. “Dá para contar nos dedos quando a polícia mexeu comigo”.
Carlos Cândido da Silva, que é proprietário do estacionamento oficial, trabalha com esse tipo de serviço há 15 anos, e disse que não se incomoda com o trabalho dos flanelinhas. “Cada um luta pelo seu e o motorista tem o livre arbítrio de estacionar onde quiser”.
Ele ressaltou que o local cobra um valor mais alto, mas o motorista tem a garantia de que seu carro estará em segurança. “Eles recebem e ficam até meia noite, uma da manhã. Aqui não, enquanto tiver carro aqui dentro vai ter um funcionário trabalhando. Mas a busca pelo preço mais baixo é grande, e o pessoal só estaciona aqui quando não tem mais lugar lá fora”, finalizou.
A equipe do Campo Grande News entrou em contato com a Agetran sobre a cobrança em área pública e foi informada por nota da assessoria de imprensa que as atitudes não tem relação com regras de trânsito, e o motorista que se sentir lesado de alguma maneira deve procurar a Polícia Militar.