Estudantes criam boné tecnológico para auxiliar deficientes visuais
Criado para identificar obstáculos, equipamento já foi testado e aprovado por futuros usuários
Protótipo de boné para auxiliar na locomoção de deficientes visuais está sendo desenvolvido por alunos da escola estadual de tempo integral Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande. Além de incrementar o currículo, o projeto na área de robótica tem o objetivo social de melhorar a vida de pessoas de fora do contexto escolar.
O trabalho conta com grupo de dez estudantes, orientados pelos professores de Física, Lauro da Rosa Júnior e André Ximenes de Melo, e teve início no começo deste ano. Chamado de Ultra-Cap, o equipamento proporciona aos participantes a familiarização com componentes eletrônicos, dando os primeiros passos em direção a automação de projetos microprocessados.
“Primeiro, os estudantes fizeram um boné mais rústico, com as peças costuradas, mas que foi melhorando até chegar à segunda versão, que agora passa por uma fase de testes e ajustes, mas que pode ser conectado a qualquer boné que o usuário tenha o costume de usar”, conta Lauro.
Para os estudantes, a aplicação social é um fator de motivação para os trabalhos. “É muito bom fazer parte disso, primeiro porque quero seguir carreira na Engenharia da Computação e também porque nossa escola está próxima a um centro de atendimento a cegos e pessoas com deficiência visual e, sempre que eu posso, ajudo na locomoção deles e este boné servirá para isso, daria mais independência e autonomia para eles”, descreve Matheus Mendonça Neto, estudante do 3º ano do ensino médio.
“Vejo a escola tomando forma em seu aspecto mais profundo, que é o fazer acontecer, sendo os alunos verdadeiramente autores e professores norteadores da busca por conhecimento”, afirma a diretora Deborah Dal Moro, sobre os resultados positivos da metodologia de trabalho.
Tecnologia aplicada O projeto, que começou com foco nas teorias de Matemática, Física e Programação para envolver os estudantes na aplicação dos conceitos estudados em sala de aula, acabou se tornando maior, saindo do campo do estudo para o da aplicação.
“Vejo jovens preocupados com a sociedade, procurando auxiliar na qualidade de vida do seu próximo, atento as suas necessidades. Sinto a escola fazendo seu papel da maneira como acredito a Educação, fazendo a diferença. E saber que talvez um dia esse boné possa ser colocado em funcionamento me realiza enquanto gestora, mas acima de tudo como pessoa”, destaca Deborah.
Ainda de acordo com a SED, o equipamento desenvolvido baseia-se na reflexão de ondas de ultrassom. Como a velocidade do som no ar é constante, e sabendo o tempo de emissão e recepção da onda, o sinal é enviado para o microprocessador, que calcula a distância do aparelho em relação ao objeto à frente.
Neste caso, a distância é usada para emitir um aviso sonoro ou vibracional para a aba do boné, por meio da programação elaborada pelos estudantes sob orientação dos professores. Enquanto a bengala limita a identificação de obstáculos no chão, o boné tem um alcance maior.