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Capital

Estudantes “dão jeitinho” para burlar cantina saudável de escolas

Francisco Júnior e Elverson Cardozo | 04/04/2012 20:31

Desde 30 de setembro de 2011 está proibida a venda de produtos como balas, pirulitos, gomas de mascar

Vendendo pipoca há mais de 30 anos no mesmo lugar, pipoqueiro aprova lei. (Foto Marlon Ganassin)
Vendendo pipoca há mais de 30 anos no mesmo lugar, pipoqueiro aprova lei. (Foto Marlon Ganassin)

Estudantes ainda torcem o nariz para as cantinas saudáveis instaladas nas escolas privadas e públicas, após lei municipal que define normas para a comercialização de alimentos nas instituições de Campo Grande. Porém, mesmo com a determinação, eles “dão um jeito” e acabam consumindo lanches e guloseimas vendidos em barracas e estabelecimentos que ficam próximas das escolas.

Luiz dos Santos, mais conhecido como Baiano, há 32 anos vende pipoca na porta da escola Mace, no centro da cidade. Ele considera a lei importante para os alunos terem uma vida mais saudável.

Mas para ele, não houve efeito da lei. Baiano fica no local em dois turnos: das 9 horas às 12 horas e das 15 horas às 21 horas. Diz que as vendas não diminuíram por conta da norma. “Eu vivo disso. Um compra cedo, outro à tarde e outro à noite”, disse.

A psicóloga Nadia Leite, 45 anos, aprova a iniciativa, mas defende, por exemplo, a permanência do pipoqueiro em frente da escola onde a filha estuda. “É mais saudável, mas é errado tirar o Baiano da esquina. Ele virou cultura”.

Ela conta que a escola recomenda um cardápio de alimentos saudáveis que a filha pode consumir durante o recreio, entre eles, pães integrais e frutas. Nadia afirma que a filha leva alimentos para comer, mas “às vezes ela troca com os coleguinhas por bolacha”.

A estudante Alexia Dias, 16 anos, diz que come os alimentos mais saudáveis vendidos na cantina por falta de opção. “Eu não gosto porque só tem coisas horrorosas”.

O pai dela, Adão José Custódio, corretor, 41 anos, disse que a mudança de hábitos alimentares da filha na escola refletiu em casa. “Minha filha gasta muito com lanche e não almoçava direito. Agora, depois que foi implantada a lei, minha filha está almoçando melhor”, comemora.

Estudantes sempre dão um jeito para burlar cantinas saudáveis. (Foto: Marlon Ganassin)
Estudantes sempre dão um jeito para burlar cantinas saudáveis. (Foto: Marlon Ganassin)

Com uma barraca de cachorro quente há 21 anos na avenida Mato Grosso, em frente ao Colégio Dom Bosco, Elcio Gonçalves Domingos, 50 anos, considera a lei taxativa e afirma que ela vai contra a democracia. “As pessoas vendem o que querem e as pessoas compram o que querem”, define.

Com um lanche na mão e uma lata de refrigerante ao lado, Gabriela Oliveira de Souza, 15 anos, diz que mesmo com a proibição da venda de guloseimas na escola, ela sempre dá um jeito. “ A gente vem aqui fora comer do mesmo jeito”.

A dona de casa Ada vanilda, 40 anos, tem um filho de 12 anos. Ele pesa 54 quilos e é considerado obeso. Ela é a favor da lei, mas relata que o filho tem dificuldade em comer o que é considerado ideal para ter o peso correto. “Ele reclama que pode comprar suco e salgado assado". O garoto fez tratamento de 1 ano para reeducação alimentar no Hospital Regional.

Desde 30 de setembro de 2011 está proibida a venda de produtos como balas, pirulitos, gomas de mascar, biscoitos recheados, refrigerantes, sucos artificiais, salgadinhos industrializados, entre outros. O objetivo é promover uma alimentação mais saudável no ambiente escolar.

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