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Capital

Ex-militar alega que estava cansado de agressões e tentou apenas conter esposa

Tamerson Ribeiro é julgado nesta sexta-feira por matar a esposa, Natalin, de 22 anos

Dayene Paz e Bruna Marques | 25/11/2022 11:50
Tamerson durante júri nesta sexta-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Tamerson durante júri nesta sexta-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

O ex-militar da Aeronáutica, Tamerson Ribeiro de Lima Souza, julgado nesta sexta-feira (25) por matar a esposa Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, afirmou que estava cansado de ser agredido e no dia do crime tentou apenas contê-la, ficando desesperado quando percebeu que a jovem havia morrido. Agora, se diz arrependido: "me arrependo todos os dias, não era o fim que eu queria".

Tamerson, aparentemente calmo, respondeu todas as perguntas do juiz, Ministério Público e defesa. Contou sobre o relacionamento com Natalin, visto por ele como conturbado, e os momentos que antecederam à morte, no dia 4 de fevereiro deste ano. Os problemas maiores seriam por Natalin ser mais explosiva. Ele alega, inclusive, que pelas agressões constantes, tinha medo da esposa. "Eu ouvia a voz dela, o coração já disparava".

Segundo Tamerson, apesar das inúmeras brigas, na data do crime, o casal estava bem. "A gente brigava bastante, mas no outro dia sentava, conversava e ficava tudo bem, Estávamos bem havia umas duas semanas já".

No dia do crime, Tamerson conta que Natalin chegou por volta de 1h da madrugada em casa e estava, segundo ele, embriagada. "Estava dormindo, acordei com o barulho do portão abrindo e fechando. Imaginei que ela tinha bebido e saí preocupado lá fora". Ele então afirma ter questionado Natalin. "Como seus amigos deixam você sair assim? Bebendo e dirigindo?".

Em seguida, começou a falar para guardarem o carro. "Ela ficou nervosa, mudou o semblante, eu tinha medo de acontecer coisa ruim e comecei a tomar atitudes para tentar acalmar, mas ela começou a me bater, bater no carro", diz. "O estágio era tão grande de pressão psicológica que comecei a ficar apavorado", completa.

O casal entrou em casa e, até então, a discussão parecia ter cessado. "Ela começou a chorar, tentei acalmar. Foi entrando para a sala, continuei tentando acalmar, falando 'a gente é sua família, ninguém aqui está contra você'. Ela foi para o quarto, onde estava nossa filha e passou direto. Então abriu a porta do guarda-roupas e estava tentando trocar de roupa, falando um monte de coisa, que era culpa minha, mas não sabia o que ela estava falando e tentei falar mais firme", conta.

Natalin afirmou que iria "quebrar tudo" e começou a agredi-lo, alega. "Ela começou a bater, eu falava 'para com isso, para', estava com muito medo e desesperado, então peguei por trás, tentei conter ela, mas continuava me batendo e nossa filha lá gritando".

Tamerson diz que colocou o antebraço no pescoço de Natalin e a outra mão na cintura. "Ela caiu no chão e caiu a ficha do que tinha acontecido. Ela parou de se mexer, meu coração começou a disparar e não conseguia respirar direito. Eu só pensava na minha filha, para onde iria minha filha", fala.

Foi então que Tamerson tomou a decisão de esconder o corpo no porta-malas do carro. O juiz Aluízio Pereira dos Santos questionou porque ele não chamou o socorro. "Foi no momento de desespero, não estava conseguindo pensar direito", respondeu. O ex-militar disse que não dormiu porque estava apavorado, no outro dia deixou a filha na escola e levou o corpo até um matagal, às margens da BR-060, onde foi encontrado no dia 6 de fevereiro.

Hoje, no júri, disse estar arrependido. "Me arrependo todos os dias, todos os dias eu penso nela, eu sinto uma saudade dela que chega arder o coração. Se eu pudesse voltar atrás, podia ter saído de perto, saído de casa. Não era o fim que eu queria", finalizou.

Júri - Tamerson foi denunciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, asfixia e feminicídio, além da ocultação de cadáver. O júri desta sexta-feira é presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. O crime ocorreu no dia 4 fevereiro deste ano.

Na denúncia, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul descreveu que o réu agiu por motivo torpe, pelo fato da vítima chegar em casa embriagada e o ter xingado. Além disso, há indícios de que a filha do casal, de 4 anos, presenciou o crime.

O caso – No dia 6 de fevereiro deste ano, o corpo de Natalin foi encontrado na margem da BR-060, saída para Sidrolândia. À polícia, Tamerson Souza alegou ter sido agredido pela esposa, que chegou embriagada e sob efeito de drogas. Para se defender, tentou segurá-la aplicando um golpe mata-leão e a mulher desmaiou.

O ex-militar justificou que não teve intenção de matá-la. Com medo de ser preso, Souza colocou o corpo no porta-malas do veículo e, no outro dia, levou a filha para a escola com o corpo dentro do carro. Ele deixou a menina e depois seguiu para a rodovia e jogou o cadáver em meio a um matagal.

Quando a polícia chegou à casa do casal e o questionou sobre Natalin, disse que a esposa havia ido embora. Também tentou despistar as amigas dela, respondendo as mensagens no celular e se passando pela vítima. Segundo investigação, chegou a dizer para a filha, antes de o corpo ser localizado, que a mãe passou mal e morreu no hospital.

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