Ex-mulher de Jamilzinho denuncia conselheiro por injúria
Citado diariamente no noticiário desde o fim de setembro, quando foi deflagrada a Operação Omertà, contra grupo de extermínio em Campo Grande, o sobrenome Name está envolvido em mais um caso policial, agora com o acréscimo de outro personagem bastante conhecido no Estado.
Dessa vez, a acusação é de injúria contra o ex-deputado estadual e conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Jerson Domingos, feita pela ex-mulher de Jamil Name Filho, Flávia Fontoura Marcon, 43 anos. Jerson é cunhado do empresário Jamil Name, 82 anos, preso junto com Jamil Name Filho, 42 anos, sob acusação de chefiarem organização criminosa.
No dia 29 de novembro, sexta-feira passada, por volta das duas da manhã, Flávia procurou a Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher). Disse que ela e os dois filhos com Jamilzinho, de 15 e 12 anos, foram alvos de ofensas pelo tio-avô, ocorridas na quinta-feira, 28, por volta das 22h.
Conforme Flávia disse na delegacia, ela própria foi ofendida com palavras de baixo calão, entre elas "vagabunda", e sofreu empurrão do conselheiro, na casa da ex-sogra, quando estava de saída, após ter a presença no lugar questionada por ele. No registro policial, aparecem os termos maus-tratos e injúria como crimes a serem apurados.
Flávia Fontoura Marcon solicitou a adoção de medida protetiva contra Jerson Domingos. Prevista na Lei Maria da Penha, esse tipo de providência impede uma pessoa de chegar perto de vítimas de algum tipo de violência doméstica ou ameaça.
A mulher, que perdeu a guarda dos filhos para os avós, Thereza e Jamil Name, no ano de 2017 - depois de batalha judicial de dois anos, após separação de Jamilzinho - relata agressões contra eles e atribui à avó, a ex-vereadora. Neste boletim, Thereza não consta como investigada.
O relato policial afirma que os dois meninos toparam ir na delegacia com a mãe e contar as situações. Não foi detalhado o conteúdo do depoimento deles.
Embora tenha sido registrado na Deam, o caso não ficará lá, segundo a investigação feita. A reportagem procurou a delegada-titular da Deam, Fernanda Félix, e ela disse, apenas, que o “b.o será encaminhado para a DEPCA”.
Na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, a titular, Marília de Brito, negou-se a falar sobre a investigação, alegando que episódios assim são tratados em sigilo, como prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), para evitar a exposição de menores de idade em situação vulnerável.
Os dois adolescentes estavam com Flávia na delegacia e, segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Campo Grande News teve acesso, foram encaminhados para exame de corpo de delito no IMOL (Instituto de Medicina Legal e Odontologia).
Diálogo crucial – Flávia Fontoura é citada nos relatórios de informação da Operação Omertà como a pessoa a quem Jamilzinho disse “a matilha é minha”, "não morro fácil não", em conversa por mensagem interceptada.
Matilha, para os investigadores, é o grupo formado por 23 pessoas, responsabilizado por pelo menos quatro execuções de junho do ano passado a abril deste ano. Na mesma interceptação, ele diz à ex-mulher que começaria a “maior matança já vista” em Mato Grosso do Sul, “de picolezeiro a governador”.
Essa conversa é citada em quase todas as peças processuais em que é defendida a prisão de pai e filho. Para a força-tarefa responsável pelas investigações, o diálogo é uma das provas da liderança de Jamilzinho.
Ninguém fala – Além das autoridades policiais, reportagem procurou todos os envolvidos. Flávia Fontoura Marcon não foi localizada. Thereza Name não atendeu as ligações nem respondeu às mensagens de Whatsapp. Jerson Domingos foi procurado no Tribunal de Contas do Estado, em seu gabinete, onde foi deixado recado, e não houve retorno.