Falta de pediatra leva pais de todos cantos à UPA Coronel Antonino, em vão
Demora no atendimento chega a quatro horas de espera e pediatras só chegam depois das 18h.
Na tarde deste domingo (3) quem precisou de atendimento para crianças em Campo Grande sofreu para conseguir. Não há nenhum médico pediatra em atendimento nesta tarde, apesar de na escala divulgada pela prefeitura haver três especialistas de plantão na Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Coronel Antonino. A informação fez com pais de todos os cantos da cidade fossem à unidade de saúde.
Por conta disso, o local ficou cheio de pacientes e registrou demora no atendimento de todos os tipos. Suspeitas de dengue, pneumonia, acidentes, entre outros lotaram o saguão e os pacientes e acompanhantes ficaram revoltados porque, além de não ter pediatra, havia apenas dois clínicos gerais de plantão.
O autônomo Júlio Cesar Rodrigues de 30 anos mora no Bairro Nova Lima e levou o sobrinho de 6 meses á unidade. Ele chegou por volta das 13h com a criança que estava com febre alta, mas após quase quatro horas foi embora sem conseguir atendimento. “Não tem pediatra em lugar nenhum. Eles chegaram a falar pra gente levar na Santa Casa, mas se levar lá sem prescrição eles não atendem também. Aqui diz que só terá pediatra às 19h. Como uma criança aguenta ficar com febre todo esse tempo?”, reclamou.
Ezequias da Rocha também acompanhou o sobrinho e disse que só conseguiu passar pela triagem porque se exaltaou e questionar. “Veio até polícia aqui para acalmar a gente. Tinha mãe chorando aqui querendo atendimento para o filho”, contou.
O Campo Grande News entrou em contato com o Samu e foi informado que não havia nenhum pediatra em unidades de saúde até às 18h. Um leitor ligou e obteve a mesma informação e considerou isso um absurdo. Nilton buscou atendimento pra filha de cinco anos. “Não tem ao menos um em qualquer unidade que seja”, disse.
A dona de casa Edna Alves da Silva, de 46 anos, veio do outro lado da cidade, da saída para São Paulo, em busca de atendimento para o filho João, de 7 anos. A criança tem síndrome de down e mesmo assim não conseguiu atendimento prioritário. “Ele tá com febre, bastante enjoadinho. Se ele tá reclamando é porque está realmente com dor, porque ele não é de chorar”, diz a mãe. Ela diz ser revoltante a situação. “Peguei dinheiro emprestado para pagar uma corrida de Uber para chegar aqui e não ter atendimento”, afirma.
Com suspeita de pneumonia da filha, a cozinheira de 25 anos, Adrian Silva da Rosa, também veio de longe, do Bairro Pioneiros e trouxe a menina de oito meses para consulta. Ela está peregrinando por unidades de saúde desde sábado (2). “Fui ontem na unidade do Bairro Moreninhas, mas não consegui atendimento. Aqui fiz o raio-x, mas agora ninguém chamou para passar pelo médico”, diz.
Graciele Kelly Ferreira e o marido Wendel Rodrigues levaram os dois filhos de 6 meses e de 4 anos. Ambos chegaram à unidade às 13h e estão com febre e vômito, mas até 16h40 não haviam sido atendidos.
Na unidade, a enfermeira chefe Fátima Dagher disse ao Campo Grande News que acredita que houve um equivoco, já que no site da prefeitura informa que no período vespertino haveria três pediatras na UPA Coronel Antonino. “ Só temos dois clínicos gerais, mas conforme a gravidade também estão atendendo as crianças. Por isso, pode haver demora no atendimento, mas logo mais às 19h há previsão de quatro pediatras aqui na unidade”, afirmou, completando ainda que equipes extras estão sendo destinadas ao local.
Conforme informado pela Prefeitura via assessoria, todas as unidades tem atendimento com generalista que também atende criança em casos de urgência.