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Capital

Filho defende pai e nega que mãe foi torturada: "Estava traindo há muito tempo"

Mesmo com provas periciais, rapaz afirma que mãe era depressiva e pai não a matou; júri ocorre nesta segunda

Dayene Paz e Bruna Marques | 21/11/2022 11:50
Adailton é julgado nesta segunda-feira por feminicídio. (Foto: Paulo Francis)
Adailton é julgado nesta segunda-feira por feminicídio. (Foto: Paulo Francis)

Mesmo com provas periciais que incriminam Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, e marcas de violência por todo o corpo de Franciele Guimarães Alcântara, 36, morta por asfixia, o filho do casal, que convivia na mesma residência, nega tortura, afirmando que a mãe tinha problemas de saúde, o que poderia ter sido a causa da morte. Ele ainda salientou que Franciele estava traindo Adailton "há muito tempo" e não era mantida em cárcere.

O depoimento do rapaz, de 17 anos, vai contra todas as provas obtidas pela Polícia Civil, em investigação conduzida pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), em janeiro deste ano. Na época, inclusive, Adailton confessou que torturava a esposa, mas negou que teria matado.

O filho do casal foi ouvido logo depois da irmã, Érika Guimaraes Alcantara de Jesus - filha apenas de Franciele - em júri nesta segunda-feira (21). Enquanto a jovem afirma ter presenciado várias agressões, ter visto marcas na mãe e ouvido o relato das agressões vindos da própria vítima, o filho do casal defende veementemente o pai. "Tratava ela bem. Roxos não via muitos, não via esse tanto de mentira que inventaram na internet", disse.

O adolescente afirma que Franciele tinha um relacionamento extraconjugal desde o início do ano passado e ela nunca falou em separação com o pai, contrário do relato de testemunhas ouvidas no decorrer do processo. Segundo o menor, Franciele brigou com Adailton e saiu de casa, mas depois voltou por vontade própria. "Meu pai não era rígido com minha mãe, não vou falar o que não vi", disse no júri.

No dia da morte, segundo ele, estava no quarto quando foi chamado pelo pai. "Ele estava pegando água no balde para passar pano na casa, aí bateu na porta falando que minha mãe tinha desmaiado. Fui e vi ela deitada, estava respirando, ainda que ela veio a morrer na minha mão".

O filho ainda diz que nunca viu qualquer hematoma em Franciele ou que o pai a agredia. "Só vi inchaço, ela tinha tomado muito remédio". O Ministério Público então questionou se viu o pai entrando no quarto com o pé do banco e sobre uma ameaça que Adailton fez à namorada do rapaz, mandando não contar nada que acontecia na casa. Nesse momento, ele respondeu que viu "apenas uma vez" o pai entrando no quarto com o pé do banco, instrumento que seria utilizado para agredir Franciele.

No dia, Adailton deixou a casa e depois que foi preso, alegou que fugiu porque ficou com medo de ser acusado da morte de Franciele. O filho também foi questionado sobre o sentimento que tinha sobre a morte da mãe e respondeu que perdeu tudo. "Eu não consigo dormir desde então", afirmou.

Júri - A 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande pronunciou Adailton por homicídio qualificado por motivo torpe, asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio (crime de ódio contra as mulheres). Além de cárcere privado e tortura. A Justiça manteve a prisão do autor, atrás das grades desde 31 de janeiro.

Franciele foi torturada por quase um mês e morta por asfixia. Para a polícia, o marido, Adailton, confessou que torturava a mulher como uma forma de punição, pois ela se relacionou com outro homem quando estavam separados. Para ele, uma traição.

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