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Capital

Gaeco decide ouvir Jamil Name e Jamilzinho por escrito em investigação

O ex-guarda Marcelo Rios, que está preso na penitenciária federal de segurança máxima, também vai prestar declarações por escrito

Marta Ferreira | 04/10/2019 20:25
Advogado Alexandre Franzoloso, em primeiro plano, chega ao Gaeco para depoimento, nesta quinta-feira (Foto: Liniker Riberiro)
Advogado Alexandre Franzoloso, em primeiro plano, chega ao Gaeco para depoimento, nesta quinta-feira (Foto: Liniker Riberiro)
Marcelo Rios quando foi transferido para o Centro de Triagem, de onde foi para o presídio federal, onde está até hoje. (Foto: Kísie Ainoã)
Marcelo Rios quando foi transferido para o Centro de Triagem, de onde foi para o presídio federal, onde está até hoje. (Foto: Kísie Ainoã)

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) decidiu ouvir por escrito depoimentos de envolvidos na Operação Omertà, entre eles os empresários Jamil Name, 80 anos, Jamil Name Filho, conhecido como Jamilzinho, 42 anos, apontados como chefes da organização criminosa à qual são atribuídos pelo menos oito execuções em Campo Grande no período de dez anos. Como a maioria dos 23 investigados está presa, os quatro promotores responsáveis pelo trabalho têm 10 dias, a partir do cumprimento das ordens de detenção, para apresentar denúncia. Esse prazo, segundo foi levantado pela reportagem, vence na quarta-feira (9).

O Campo Grande News apurou que a escolha por não tirar os presos da cadeia foi principalmente por motivo de segurança, já que, nesta semana, foi informado à Justiça a descoberta de plano de atentado contra o delegado titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), Fabio Peró. Seria necessário esquema grandioso para deslocamento dos investigados, que a rigor nem precisam ser ouvidos nesta fase. Se houver denúncia e for acatada, aí sim os réus precisam ser ouvidos, como determina o Código de Processo Penal.

Como a operação está na etapa de investigação, e não é um processo ainda, o Gaeco poderia fechar a denúncia até sem ouvir todos os implicados, baseando-se nos elementos já obtidos.  O material é farto, notadamente em interceptações telefônicas e de conversas por aplicativos, descritas em uma medida judicial em separado, sigilosa. Ainda assim, levantou a reportagem, a decisão foi por ouvir envolvidos por escrito. 

Há, ainda, observação em vídeo e foto dos suspeitos de integrar milícia, além de depoimentos de parentes dos envolvidos considerados peças-chave na elucidação da “orcrim”, abreviatura de organização criminosa na linguagem jurídica.

Não foi possível saber se o depoimento por escrito foi requisitado para todos os dez presos preventivamente. Os promotores Cristiane Mourão Leal Santos, Tiago Di Giulio Freire, Thalys Franklyn de Souza e Gerson Eduardo de Araújo, não estão dando declarações sobre a Operação Omertà.

Mas foi obtida, pela reportagem, a confirmação da solicitação de explicações por escrito em relação a Jamil Name, Jamil Name Filho, o policial civil Vladenilson Olmedo, o segurança Flávio Narciso, que estão desde sexta-feira passada na cela 17 do CT (Centro de Triagem) Anízio Teixeira, no completo penal da saída para Três Lagoas, junto com outros cinco presos da ação. É de lá que estaria sendo orquestrado o plano contra o delegado titular do Garras, negado pela defesa dos envolvidos.

Defensor dos quatro, o criminalista Rena Siufi disse ter recebido prazo de cinco dias para a resposta por escrito. Ele não soube informar quando esse tempo vence, mas acredita que seja na terça-feira (8).

No presídio federal- Outro que prestará declarações por escrito é o ex-guarda civil municipal Marcelo Rios, 42 anos, preso desde 19 de maio, quando foi flagrado com um arsenal que, de acordo com trabalho investigativo, deveria ser entregue aos Name. O advogado dele, Alexandre Franzoloso, ouvido ontem no Gaeco com investigado, confirmou ter sido notificado para prestar as informações por escrito.

Rios está no Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande desde junho, quando a Justiça entendeu que era um risco para ele em ficar no Centro de Triagem, onde estava, depois ser preso pelo Garras. 

À época, segundo consta no processo, já foi citado a suspeita de que ele pertencesse a grupo de extermínio, responsável pela execução, por engano, do estudante Matheus Coutinho Xavier, 21 anos, no dia 9 de abril. O alvo era o pai do jovem, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, considerado desafeto da família Name.

Em agosto, foi determinada a ida de Rios para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, mas essa transferência ainda não foi feita. A tendência é de ocorrer só depois do depoimento de Rios no processo ligado à apreensão do arsenal.

Em documento anexado ao processo, o juiz responsável, Roberto Ferreira Filho, comunica a 1ª Vara de Execução Penal, responsável pela custodia do ex-guarda civil, a necessidade de mantê-lo em Campo Grande pelo menos até o interrogatório, marcado para 16 de dezembro.

Rios está entre os 23 suspeitos de integrar o grupo de extermínio, criado, segundo o Gaeco, a partir da estrutura de exploração do jogo do bicho em Campo Grande.

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