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Capital

Gaeco identifica plano de envolvidos em milícia contra delegado do Garras

No documento, também foi relatado que, no dia da prisão, o empresário Jamil Name chamou magistrados de "desembargadores de merda"

Marta Ferreira e Silvia Frias | 02/10/2019 12:37
Delegado Fábio Peró, titular do Garras, no dia 20 de maio, quando deu coletiva sobre apreensão de arsenal com o guarda municipal Marcelo Rios que desencadeou investigação que chegou aos Name (Foto: Clayton Neves/Arquivo)
Delegado Fábio Peró, titular do Garras, no dia 20 de maio, quando deu coletiva sobre apreensão de arsenal com o guarda municipal Marcelo Rios que desencadeou investigação que chegou aos Name (Foto: Clayton Neves/Arquivo)

Documento protocolado nesta segunda-feira (1º) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) na medida investigatória que pediu as prisões de 23 pessoas alvos da Operação Omertà, para desbaratar grupo de extermínio em Campo Grande, reforça a necessidade de manter os envolvidos na cadeia. O texto revela que ações de inteligência detectaram plano de atentado ao delegado Fábio Peró, titular do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), que investigou o esquema criminoso.

Pelas informações levantadas, o plano estaria sendo articulado pelos investigados que estão, desde sexta-feira passada (27) na cela 17 do Centro de Triagem, no complexo penitenciário da saída para Três Lagoas. Pelo menos sete presos foram levados para lá, entre eles Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42, apontados como os chefes do grupo criminoso.

Na mesma cela, conforme apurou o Campo Grande News, estão ainda os policiais civis Vladenilson Daniel Olmedo (aposentado) e Márcio Cavalcanti da Silva, agente da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos). O guarda municipal Alcinei Arantes da Silva e Elton Pedro de Almeida, que também tiveram as prisões preventivas decretadas pela Omertà, estão entre os 26 detentos que ocupam o local.

Presos pela primeira vez em maio e depois no dia 31 de julho, o guardas municipais Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira e o segurança Flavio Narciso Morais da Silva, que se apresenta como motorista de Jamil, completam a lista.

Em 10 anos, conforme as investigações, são atribuídas no mínimo oito mortes ao grupo de extermínio.

No documento protocolado na medida judicial, os quatro promotores responsáveis pelos pedidos de prisão - Cristiane Mourão Leal dos Santos, Tiago de Giulio Freire, Thalys Franklyn de Souza, Gerson Eduardo de Araujo -  revelam, ainda, que o empresário Jamil Name, 80 anos, proferiu impropérios contra os desembargadores do Tribunal de Justiça. Chegou a chamá-los de analfabetos e “desembargadores de merda”.

Ao ser preso, segundo a fala descrita, o patriarca da família Name disser “até amanhã” à esposa, a ex-vereadora Tereza Name, o que evidenciaria a certeza de impunidade, em razão do "poder econômico e político do envolvido".

Ainda conforme a descrição, Jamil Name Filho teria dito a frase "o jogo começa agora", durante a ação. 

Os promotores anotam, ainda, que foi descoberto durante as apurações a intenção de Jamil Name Filho de fuga. O documento relata permanência dele por mais de um mês em Ponta Porã, na casa do empres Fahad Jamil, de quem é afilhado.

A reportagem apurou que o o juiz responsável pela ordem de prisão, Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal, ainda não apreciou o documento, mas como não há qualquer pedido, não há previsão de que ele determine alguma medida.

O documento funciona, mais, como um alerta da necessidade de manter os envolvidos presos e deverá ser considerado para a apreciação dos habeas corpus no Tribunal de Justiça. Para os promotores, os fatos relatados demonstram a "imprescindibilidade" das prisões.

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