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Capital

Polícia investiga ligação de adolescente assassinada com gangue

Fabiano Arruda e Danúbia Burema | 14/02/2011 17:02

Bruna Caroline Pereira da Silva, de 15 anos, foi morta a tiros no dia 27 de janeiro

Autora do assassinado preferiu o silêncio ao ser perguntada sobre a origem da arma do crime. (Foto: João Garrigó)
Autora do assassinado preferiu o silêncio ao ser perguntada sobre a origem da arma do crime. (Foto: João Garrigó)

O delegado Fábio Sampaio, da 2ª DP (Delegacia de Polícia), afirmou que vai investigar o envolvimento de Bruna Caroline Pereira da Silva, de 15 anos, com gangues. Bruna foi morta a tiros no dia 27 de janeiro.

A jovem que matou Bruna, Daniela Araújo Neri, de 18 anos, presa na sexta-feira, informou que a vítima participava de uma comunidade no Orkut chamada “Gangue do Saraiva”.

O assassinato de Bruna ocorreu no cruzamento das ruas Iriá e Bartira, perto da comunidade São Benedito. A vítima tomava tereré, quando foi atingida pelos disparos.

Segundo a versão de Daniela, Bruna era conhecida no bairro por comandar uma gangue e por fazer pichação de muros e causar constantes brigas.

Na delegacia, Daniela, que alega ter agido em legítima defesa, também afirmou que se sentia ameaçada por Bruna, há quatro anos. Relata também que, ano passado, teria recebido de Bruna, “do nada”, um tapa no rosto.

A rixa com Bruna teria começado, segundo Daniela, quando ela foi morar no mesmo bairro que a vítima. Segundo a autora, Bruna teria sentido ciúmes porque Daniela fez amizade com os garotos do bairro.

Marido - A Polícia também apura se a arma utilizada no crime pertencia ao marido de Daniela. Além disso, a investigação tentará descobrir se ele teve participação no assassinato.

O marido de Daniela, conhecido apenas como Euclides, não teria o porte da arma. No mínimo, segundo a Polícia, ele deve ser indiciado por porte ilegal.

Outro ponto que será investigado pela 2ª DP é o possível envolvimento dos familiares de Daniela. Quando foi presa, na sexta, ela estava na casa de parentes no Porta Caiobá.

Daniela foi apresentada hoje pela Polícia.
Daniela foi apresentada hoje pela Polícia.

Relato - Durante a apresentação na 2ª DP, Daniela não quis mostrar o rosto, pois teria recebido ameaças da família da vítima, que sempre a agredia com xingamentos.

Daniela conta ainda que, uma noite antes do crime, Bruna, juntamente com outras amigas, teria atirado pedras contra ela no momento em que ia ao supermercado. “Voltei para casa humilhada. A Bruna nunca gostou de mim”, relata.

No dia seguinte, a autora do homicídio diz que resolveu ir ao supermercado novamente, só que, desta vez, estava armada. Na volta, conta que Bruna pegou uma pedra, mas, neste momento, Daniela atirou duas vezes para cima, na tentativa de intimidar, e, em seguida, efetuou mais dois disparos contra a vítima.

Depois, Daniela conta que fugiu de ônibus, “sem ajuda de ninguém”, e não viu se os tiros acertaram Bruna. Ela pediu desculpa à família da vítima e disse que se arrependeu.

Daniela suspeita que esteja grávida e que, se soubesse da gravidez, não tinha cometido o crime. Revelou que tentou conversar com a mãe de Bruna, sobre as ameaças que a filha fazia, mas as conversas não teriam surtido efeito.

Daniela ainda afirma que, numa dessas conversas, Bruna teria feita uma ameaça em frente à mãe, que nada teria tomado nenhuma atitude. “Já tinha feito de tudo. Não era minha intenção fazer isso”, afirma.

Contradição e inquérito - O delegado Fábio Sampaio diz que a versão de Daniela por legítima defesa é desmontada por conta dos relatos de quatro pessoas. Dos dois tiros que atingiram a vítima, um deles acertou a cabeça e, o outro, o tórax.

Os relatos indicaram que Bruna sequer ameaçou Daniela no dia do crime. Questionada sobre a origem da arma utilizada, a autora preferiu dizer que “não tem nada a declarar”.

O inquérito sobre o caso dele ser concluído em dez dias. Daniela será indiciada por homicídio doloso, qualificado por motivo fútil e com o agravante de não possibilitar defesa à vítima.

Daniela, que está detida no 2º DP, está à disposição da Justiça e deve ser encaminhada para o presídio feminino.

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