Greve dos médicos já deixou 25,5 mil pessoas sem atendimento na Capital
A greve dos médicos da rede municipal de saúde chega ao 11º dia sem acordo entre as partes e com 25.520 consultas desmarcadas. Segundo a assessoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que divulgou os números, não há como determinar quantas pessoas foram afetadas nas unidades que atendem urgências e emergências, já que a demanda varia diariamente, não tendo como prevê-la.
Com dores nas pernas, a dona de casa Neuza Freitas, 48 anos, afirma que teve três consultas desmarcadas em função da paralisação. Nesta segunda-feira (25) ela foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida com os exames em mãos na esperança de ser atendida.
Entretanto, a situação no local está caótica. A paciente chegou às 7h e saiu por volta das 14h sem ver um médico. “É uma vergonha. Faz um mês que estou tentando ser atendida e nada”, reclama.
A auxiliar de saúde bucal Silvana da Silva Albuquerque, 37 anos, levou o filho adolescente ao mesmo posto. “Como ele teve problemas renais e está sentindo dor no mesmo lugar, fiquei preocupada. A triagem foi rápida, mas e até agora nada. Fui três vezes conversar com a assistente social, mas só mandam aguardar”, relata.
Ela chegou ao local às 7h e, sem previsão de consulta, resolveu ir embora. “Acho que vou ter que pagar do bolso para ele ser atendido na rede particular”, estima.
A cozinheira Gilmaria Cardoso, 34 anos, também levou a filha à Vila Almeida. A criança tem dores de garganta e recebeu classificação de risco azul, que indica menor gravidade. Na frente dela passam os pacientes verdes e vermelhos.
“Sempre vão chegar pacientes verdes na frente dela, ou seja, nunca vai ser atendida”, relata. A mulher também madrugou na unidade de saúde e disse não ter condições de levar a menina na rede privada de saúde e pretende aguardar.
Polêmica – A Justiça acatou pedido da prefeitura e ordenou a volta imediata da categoria aos postos de trabalho sob pena de multa diária de R$ 30 mil. Entretanto, em assembleia, os profissionais decidiram ignorar a sentença e prosseguir com apenas 30% do efetivo em atendimento.
Diante da desobediência, o município ajuizou outra ação, desta vez pedindo a prisão do presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdir Shigueiro Siroma. O caso está na mesa do desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte para emitir uma decisão.
A entidade se defendeu alegando que a assessoria jurídica orientou os grevistas a respeito dos riscos em continuar com o movimento, mas a decisão, tomada de forma coletiva, deliberou ao contrário.
Os médicos desencadearam a paralisação após terem as gratificações salariais cortadas. A prefeitura alega que a medida foi tomada diante das dificuldades financeiras que a cidade enfrenta.