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Capital

Guarda barra famílias que iam protestar no Paço em ônibus irregular

Fernanda Mathias e Aline Santos | 16/06/2016 11:41
Famílias pretendiam ir ao Paço protestar contra condições precárias em loteamentos, mas com várias irregularidades, ônibus foi barrado (Foto: Alcides Neto)
Famílias pretendiam ir ao Paço protestar contra condições precárias em loteamentos, mas com várias irregularidades, ônibus foi barrado (Foto: Alcides Neto)

Guardas municipais barraram, na manhã desta quinta-feira (16), no bairro Dom Antônio Barbosa, saída para São Paulo, um ônibus que seguiria com famílias removidas da favela Cidade de Deus para protesto no Paço Municipal. As famílias pretendiam protestar contra as condições precárias em que foram instaladas em loteamentos sem condições mínimas de habitação, mas para isso iriam usar um ônibus com documentação irregular, sem motorista habilitado e lotação acima da permitida.

Até o fechamento deste texto, as famílias deliberavam se aceitariam proposta feita por representantes da Prefeitura de formar uma comissão para seguir até a sede do Executivo municipal.

De acordo como secretário municipal de Segurança Pública, major Luidson Noleto, a Guarda recebeu pelo telefone 153 uma denúncia anônima da situação do veículo e ao chegar ao local constatou que estava com lotação 100% acima do permitido, documentação vencida e condutor sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O comandante da Guarda Municipal, Marcos César Escanaichi, explicou que no veículo cabem 49 pessoas sentadas e havia pelo menos o dobro. O condutor, ao ser questionado sobre habilitação, fugiu com auxílio dos outros manifestantes e não foi identificado. Ainda segundo ele, o licenciamento estava vencido há 3 anos e por isso o ônibus será apreendido.

Sem poder deixar o local, as famílias interditaram a rua Luiz Gustavo Ramos de Arruda, ente os bairros Dom Antônio e Los Angeles. Três ônibus ficaram retidos, que fazem as linhas Moreninha/Aero Rancho e Vespasiano Martins. 

Policiais militares do Tático estiveram no local e em 20 minutos a via foi liberada. O cabo da PM, Alexandre Luis Ramão, explicou que o Batalhão de Choque estava de prontidão, mas não precisou ser acionado. Ele afirma que não houve detidos, mas alega que, em momento de tensão, um dos manifestantes teria ameaçado entrar em ônibus e dito que iria atear fogo.

Moradores estão indignados com a falta de condições mínimas em que foram realocados, depois de removidos de favela (Foto: Alcides Neto)
Moradores estão indignados com a falta de condições mínimas em que foram realocados, depois de removidos de favela (Foto: Alcides Neto)

Precariedade – O drama vivido pelas famílias removidas da Cidade de Deus foi constatado ontem (15), durante visita de vereadores ao loteamento Vespasiano Martins, um dos loteamentos em que foram realocadas as famílias. Ao menos 120 moradores precisam dividir um único banheiro químico instalado próximo de um esgoto a céu aberto.

Para tomar banho, improvisaram uma "casinha" com lona, onde insetos dividem o ambiente insalubre (veja na galeria de imagens). A realidade é ainda pior nas outras áreas que receberam ex-catadores: no Teruel, Canguru e Bom Retiro as obras ainda nem começaram.
Luciana Cristina Gonçalves, 29 anos, que participava do protesto esta manhã, reclamou que há três meses no local, não pode sequer abrir fossa porque “mina” água no terreno. Os vereadores que estiveram ontem no local disseram que vão indicar a situação desumana e precária ao MPE (Ministério Público Estadual) para que cobre providências ao Executivo.

A assessoria da Prefeitura garantiu que os materiais de construção já estão sendo comprados e chegarão ao Vespasiano Martins na segunda-feira (20), de modo a cumprir o prazo inicial de conclusão - 30 de junho. Porém, nos outros três assentamentos, os insumos serão enviados “na sequência”, informa a Prefeitura, sem precisar a data. Nestes locais, o novo prazo para construção das casas é de 90 dias, contados a partir da chegada dos materiais.

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