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Há 3 anos, tudo mudou na vida de Rodrigo e ele virou campeão

Mariana Lopes | 28/07/2012 13:45

“Ontem eu estava de pé, hoje estou na cadeira, amanhã posso estar de pé de novo. Mas vivo o hoje”, diz o paraatleta.

Rodrigo exibe, cheio de orgulho, a medalha que conquistou na paracanoagem no Panamericano (Fotos: Minamar Júnior)
Rodrigo exibe, cheio de orgulho, a medalha que conquistou na paracanoagem no Panamericano (Fotos: Minamar Júnior)

Há três anos, a vida de Rodrigo Figueiredo deu um giro de 180°. Desde o dia do acidente que o deixou paraplégico até hoje, muita coisa mudou e ele teve que aprender a conviver com a nova condição de seu corpo e a superar os próprios limites. Foi então que descobriu uma de suas maiores paixões, a canoagem.

Das estatísticas de vítimas de acidente de trânsito, Rodrigo foi para o pódio de competições nacionais e internacionais. Ele deixou de lado as dores e lembranças do acidente para colecionar medalhas. Hoje, a história do bacharel em Direito, de 30 anos, é incentivo para muitos atletas, e exemplo de vida para qualquer pessoa.

O acidente aconteceu no dia 26 de julho de 2009, por volta das 6h30 de um domingo, quando ele e mais quatro jovens viajavam de Bela Vista para Jardim, após uma festa. Entre os ocupantes do carro, dois morreram e Rodrigo ficou gravemente ferido.

Rodrigo teve lesão medular, que o deixou paraplégico, e ficou 20 dias internado na Santa Casa de Campo Grande, quando passou por cirurgia no tornozelo, antebraço e coluna.

Cinco meses depois do acidente, ele foi para Brasília para se internar no hospital de reabilitação Sarah Kubitschek. Foi então que os médicos detectaram uma fratura na coluna cervical dele. Rodrigo teve que passar por mais uma cirurgia de enxerto ósseo na segunda vértebra.

Das estatísticas de vítimas de acidente de trânsito, Rodrigo foi para o pódio de competições nacionais e internacionais.
Das estatísticas de vítimas de acidente de trânsito, Rodrigo foi para o pódio de competições nacionais e internacionais.

Ficou mais um mês internado para se recuperar da cirurgia e voltou para casa, usando um colete que o deixava totalmente imobilizado. Foram sete meses assim, e ele voltou à Capital Federal para, de vez, se internar no Sarah Kubitschek.

A intenção de Rodrigo era aprender a lidar com a nova condição de seu corpo, se reconhecer. “O mais difícil é a gente se reencontrar, tive que começar do zero. Ainda é difícil, mas hoje consigo administrar melhor”, lembra.

E foi lá que Rodrigo descobriu a canoagem, através do ex-bbb Fernando Fernandes. Coincidência ou não, os dois sofreram o acidente no mesmo ano e tiveram a mesma lesão. “Ele tinha acabado de ganhar medalha de campeão mundial de paracanoagem, estava na empolgação”, lembra Rodrigo.

Empolgação que o próprio Rodrigo sentiu e também se apaixonou pelo esporte. “Na água todo mundo é igual, a gente mostra toda a nossa capacidade, independente da condição. Não é o esporte que é adaptado, é a gente que se adapta a ele”, enfatiza.

Rodrigo saiu do hospital direto para o caiaque. Foram oito meses de dedicação a treinos e musculação, e no final de 2011 veio o título de campeão brasileiro de Canoagem e Paracanoagem Velocidade. De lá para cá, o bacharel em Direito só tem colecionado medalhas. E uma das que estampa no peito com mais orgulho é a de vice-campeão do Panamericano, em 2011.

Rodrigo Figueiredo treinando no lado do Parque das Nações Foto: Arquivo/João Garrigó)
Rodrigo Figueiredo treinando no lado do Parque das Nações Foto: Arquivo/João Garrigó)

O atleta resume em três palavras tudo o que ficou do acidente. Em um mesmo patamar, ele pontua família, fé e esporte. “Sempre tive a família como base, mas na dificuldade aguçou o amor e o companheirismo... Independente de religião, o importante é acreditar... A canoagem me mostra a minha eficiência”, completa.

Pontos fundamentais para Rodrigo seguir sempre em frente e persistir nos sonhos. “Quero voltar a estudar firme e prestar concurso”, conta. Mas o maior sonho dele, é voltar a andar. “Ontem eu estava de pé, hoje estou na cadeira, amanhã posso estar de pé de novo. Mas vivo o hoje”.

Apesar de toda a superação, Rodrigo admite que teve momentos que pensou em desistir. Nessas horas desavisadas da vida, ele levantava a cabeça e repetia a si mesmo que "a dor é passageira e desistir é para sempre". "Se eu fizesse isso, estaria desistindo de mim", completa.

Mato Grosso do Sul agradece a força de vontade do Rodrigo, que incentivou tantos outros atletas do Estado. “A paracanoagem nem existia aqui quando eu comecei a praticar. No próximo brasileiro, tenho certeza de que teremos uma equipe de pelo menos três atletas representando MS”, conta.

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