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Capital

Interior tenta blindagem contra covid e Capital se restringe a toque de recolher

Para especialistas, no atual momento, Campo Grande também deveria adotar medidas mais severas

Marta Ferreira | 02/06/2021 16:49
Mulher reza sozinha em igreja de Campo Grande, onde o funcionamento da cidade segue "quase normal", apesar do agravamento da pandemia. (Foto: Marcos Maluf)
Mulher reza sozinha em igreja de Campo Grande, onde o funcionamento da cidade segue "quase normal", apesar do agravamento da pandemia. (Foto: Marcos Maluf)

Campo Grande fecha a quarta-feira sem qualquer medida extra de combate ao coronavírus nesse feriadão. A única restrição em vigor é o toque de recolher, a partir de 21 horas, por determinação do Programa Prosseguir, além de blitze que serão intensificadas contra o abuso de álcool.

Apesar de, no início da semana, a Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) pedir ao Estado que baixasse novo decreto com ações duras de enfrentamento ao problema, o governo não mudou nada e ficou a cargo das prefeituras adotarem as medidas que acharem necessárias. As únicas solicitações atendidas foi o retorno das barreiras sanitárias, para desinfecção de veículos, e intensificação no policiamento. Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública, o efetivo da Polícia Militar será reforçado no interior, mas o quantitativo não foi divulgado.

Dentre os 79 municípios, a situação mais drástica é verificada em Dourados. Com bandeira cinza. No dia 28 de maio, a cidade decretou lockdown de 14 dias, na tentativa de frear os casos e a superlotação de leitos.

Destinos turísticos também restringiram o consumo de álcool, mas não vão impedir o acesso de turistas. Só na Capital, a previsão é de 14 mil pessoas embarcando e desembarcando até a próxima segunda. Hoje em Campo Grande, 140 moradores estão internados em leito UPAs, esperando vagas em hospitais.

No Estado, 19 pacientes já foram transferidos para Espírito Santo e Rondônia, por falta de leitos de UTI em Mato Grosso do Sul.

Hoje paciente de Bonito foi transferida para Rondônia, por falta de vaga em MS. (Foto: Divulgação)
Hoje paciente de Bonito foi transferida para Rondônia, por falta de vaga em MS. (Foto: Divulgação)

Turismo - A prefeitura de Corumbá publicou a proibição de consumo de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes, lanchonetes, conveniências e estabelecimentos semelhantes. Contudo, a venda está liberada. As igrejas e atividades também devem permanecer fechadas durante o feriado católico, apenas com missas remotas.

Em Bonito, até 14 de junho decreto suspende atividades com "potencial de aglomeração", como boates, casa de festas, exposições, congressos e clube de lazer. Além disso, a comercialização de bebidas alcoólicas foi proibida no período.

Em contraponto, o decreto frisa que "ficam autorizados todos os hotéis, pousadas, albergues, pensões, campins, casas de aluguel, flats e todos meios cadastrados no AirBNB e outras plataformas digitais o exercícios de suas atividades comerciais". Agências e operadoras de turismo também estão liberadas de funcionar.

Maior destino de compras, a Prefeitura de Ponta Porã publicou hoje novo decreto que aumenta o período do toque de recolher para início às 20h, proíbe delivery depois das 20h e mantém bares  fechados durante feriadão de Corpus Christi.

Regras duras - Mesmo na classificação amarela do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia), a mais branda dentre todos os municípios hoje, Batayporã a prefeitura decidiu restringir a circulação de pessoas até dia 6 de junho, com toque de recolher a partir das 17h. Na cidade, igrejas e templos religiosos só podem abrir as portas quatro vezes na semana e com limite de 40% da capacidade, mas crianças até 12 anos estão proibidas de frequentar.

Em Nova Andradina a restrição é ainda maior, com tudo fechado às 16h até a próxima segunda-feira.

Movimentação na Avenida Afonso Pena em Campo Grande, próximo da praça do Rádio Clube. (Foto: Paulo Francis)
Movimentação na Avenida Afonso Pena em Campo Grande, próximo da praça do Rádio Clube. (Foto: Paulo Francis)

“Deveria ter lockdown no Estado inteiro”. A frase é do médico infectologista Julio Croda,  especialista que tem sido voz nacional por medidas mais efetivas contra o contágio pelo novo coronavírus. Por ser a maior cidade, com mais estrutura, mas também número maior de doentes, Campo Grande precisaria, na avaliação do médico, seguir, pelo menos o que outras cidades do interior decidiram fazer.

“Precisaria urgentemente adotar medidas mais restritivas”, opina, para depois lembrar que, embora seja a mais bem estruturada, a Capital está com pacientes aguardando vaga em UTI, em decorrência da terceira onda de surto de covid-19.

Segundo a reportagem apurou, são em média 10 pacientes internados em unidades de saúde do Município internados  à espera de vaga de terapia intensiva em hospitais para tratar-se de covid-19.

O boletim mais recente mostra que em Campo Grande já foram 2,8 mil mortos na pandemia, com mais de 105 mil casos confirmados.

A ocupação de leitos para pacientes graves é hoje o que mais preocupa, com taxas acima dos cem por cento.

Ainda assim, a única medida restritiva mais severa é o toque de recolher,  das 21h às 5h, e a restrição de quantidade de pessoas, em 50% da capacidade dos espaços, desde que obedecidas as regras de biossegurança.

“Tem que tomar cuidado, porque o esforço dos outros municípios são importantes, pontua Julio  Croda, em referência às providências adotadas por cidades como Dourados, onde foi decretado lockdwon por 14 dias, ou Ponta Porã, fronteiriça ao Paraguai, que apertou as regras no feriadão de Corpus Christi, imponto toque de recolher às 20h, e impedindo funcionamento de bares e restaurantes.

“É um contrassenso”, simplifica o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marcelo Santana, ao comparar as situações.

Na visão do médico, que atua na linha de frente contra a covid-19, o ideal seria ter medidas coordenadas entre os municípios.

Na avaliação dele, a lotação dos hospitais em Campo Grande configura situação complexa e exigiria decisões no sentido de reduzir as aglomerações.




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