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Capital

Justiça marca nova audiência e Robinho será ouvido em uma semana

Nesta tarde, testemunhas de defesa e acusação foram ouvidas na sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri no Fórum de Campo Grande

Geisy Garnes | 09/04/2018 17:47
Robinho acompanhou os depoimentos nesta segunda-feira (9) (Foto: Direto das Ruas)
Robinho acompanhou os depoimentos nesta segunda-feira (9) (Foto: Direto das Ruas)

A segunda audiência sobre a morte de Mayara Fontoura Holsback ocorreu na tarde desta segunda-feira (9) na 1ª Vara do Tribunal do Júri no Fórum de Campo Grande e reuniu testemunhas de defesa e acusação contra Roberson Batista da Silva, conhecido como Robinho - assassino confesso da jovem de 18 anos. O réu no entanto, só será ouvido daqui a uma semana.

Das dez testemunhas intimadas para a audiência desta tarde - oito de defesa e duas de acusação - apenas cinco foram ouvidas e interrogadas pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, pelo advogado de defesa Ilton Hashimoto e pela promotora do MPE (Ministério Público Estadual), Lívia Carla Guadanhim Bariani.

Robinho foi trazido do Instituto Penal de Campo Grande, e escoltado por policiais militares, acompanhou os depoimentos, exceto um: o de Patrick Weslley Fontoura Dias de Lima, o irmão que morava com Mayara na época do crime. O pedido partiu da própria testemunha, assim que entrou na sala de audiência e se deparou com o réu. “Não vou ficar aqui com ele na sala não”.

O suspeito foi retirado, e emocionado, Patrick narrou à última vez que viu à irmã. Ele detalhou o ciúmes possessivo de Robinho pela à irmã. “Quando ele estava solto tinha ciúmes, mas depois que foi preso virou um ciúmes doentio”. O rapaz lembrou que à irmã se mudou para a casa dele para fugir do então namorado, que era constantemente ameaçada e toda a família “perseguida” pelo suspeito, mesmo preso na época.

Mais uma vez, as testemunhas descreveram que Robinho sabia que Mayara trabalhava como garota de programa, e que o suspeito à matou por ciúmes. “Ela [Mayara] queria largar dele. Ele sabia que ia perder ela”, reforçou Patrick. Ainda pela acusação, à proprietária de uma casa de prostituição em que ela teria trabalhado, foi ouvida.

Flavia Cordeiro contou que à amizade com Mayara durou cerca de três meses e que a vítima afirmava que “deixaria essa vida” quando o namorado saísse da cadeia. A testemunha reforçou a tese de que o suspeito sabia e se beneficiava do dinheiro que a jovem recebia nos programas. Confirmou ainda que chegou à depositar dinheiro à Robinho à pedido da amiga.

Testemunhas de defesa - Pelo lado da defesa, quatro testemunhas foram ouvidas, o policial militar que atendeu à ocorrência e arrombou o portão para entrar entrar na casa de Mayara, duas vizinhas da família de Robinho e Rafael da Silva Lemos, o “Gazela”, preso que conviveu com o suspeito no Instituto Penal de Campo Grande por cerca de três anos.

Rafael, segundo à família de Mayara, foi quem avisou sobre a morte da jovem. Em depoimento, “Gazela” contou que recebeu a informação sobre o crime através de um celular que fica na cela e pediu através de um “bilhete”, para o responsável pelo aparelho repassar o recado à Viviane Fontoura Holsback, irmã da vítima.

Apesar de afirmar ter mantido um relacionamento por cartas com a irmã de Mayara e a ter conhecido através de Robinho, Rafael alegou que não era próximo do suspeito. Já as outras duas testemunhas, vizinhas da mãe do réu, descreveram ele como uma pessoa normal, que nunca apresentou comportamento agressivo e “de uma criação incrível”.

“Ficamos todos chocados quando aconteceu. Jamais imaginaria isso”, relatou uma das testemunhas, vizinha de Robinho desde que ele tinha 3 anos. As testemunhas relataram ainda que Mayara chegou a morar com a mãe do namorado, por cerca de cinco meses, e mantinha uma relação tumultuado com ela, marcada por brigas constantes.

Segundo o advogado de Robinho, os depoimento, até o momento, foram satisfatórios e um prazo de 48 horas foi dado pelo juiz para que ele analise à necessidade do depoimento das outras cinco testemunhas, que faltaram nesta tarde. Entre elas, uma psicóloga que diagnosticou o réu “com tendências suicidas”.

Ainda conforme Ilton Hashimoto, duas semanas após ser preso, Robinho teve um surto e agora faz acompanhamento médico e uso de medicamentos. À próxima audiência, quando o suspeito prestará depoimento, já tem data marcada, dia 16 de abril, às 13h45.

Na audiência desta segunda-feira, o juiz Carlos Alberto Garcete ainda determinou que o Instituto de Criminalística de Campo Grande faça em cinco dias exame sexológico - para confirmar se Mayara não sofreu violência sexual. O exame foi um pedido do MPE.

Família de Mayara na primeira audiência (Foto: Saul Schramm)
Família de Mayara na primeira audiência (Foto: Saul Schramm)

Audiências - No dia 7 do mês passado, a família de Mayara - mãe, pai e irmãs, além de um amigo - foram ouvidas durante a primeira audiência sobre o caso. Robinho chegou a ser trazido ao fórum, mas não assistiu os depoimentos a pedido das testemunhas. Algemado e escoltado por policiais militares, ele foi novamente levado ao Instituto Penal.

O caso - No dia 15 de setembro do ano passado Mayara foi morta por Robinho a golpes de tesoura. O crime aconteceu na casa em que a jovem morava com o irmão, no Universitário, no dia em que o autor deixou a prisão.

Segundo a perícia, Mayara foi atingida por três golpes, todos no pescoço, todos fatais. Um na traqueia e outros dois na artéria carótida. Para a polícia o suspeito afirma que agiu em legítima defesa, mas não havia sinais de luta no local, nem sujidade, ou qualquer outra substância de baixo da unha da vítima que indique que a vítima reagiu.

Robinho ficou foragido por 51 dias, se apresentou na Deam no dia 6 de novembro e hoje cumpre pena no Instituto Penal de Campo Grande. Ele é indiciado por feminicídio com outras três qualificadores, motivo torpe, que dificultou a defesa da vítima e meio cruel.

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